NICIDA, Lucia Regina de Azevedo. A medicalização do parto no Brasil a partir do estudo de manuais de obstetrícia. Hist. cienc. saude-Manguinhos [online]. 2018, vol.25, n.4, pp.1147-1154.
No artigo “A medicalização do parto no Brasil a partir do estudo de manuais de obstetrícia” a autora Lucia Regina de Azevedo Nicida apresenta um relato de sua pesquisa de doutorado em saúde da criança e da mulher, realizada no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).
Como importante objeto de estudo, a difusão dos saberes e práticas relativas ao parto — realizadas a partir dos manuais de obstetrícia publicados no Brasil, entre 1980 e 2011 e utilizados como referências nacionais — foi sistematizada pela autora, que pode verificar quais modelos de atenção são ensinados na graduação e nos programas de residências em ginecologia e obstetrícia.
Como o Projeto ApiceON tem um dos seus eixos voltados para inovação do ensino e integração das práticas de ensinar/aprender com as de atender/cuidar, o artigo nos estimula a pensar a função posta para a obstetrícia, que nas palavras da autora seria “chamar para si a função de ‘ditar’ regras e de responsabilizar-se pela tomada de decisão dos procedimentos relativos ao parto, mesmo em circunstâncias normais”, para produzir saberes e práticas.
O estudo dos manuais de obstetrícia como instrumento pedagógico permite uma aproximação das concepções validadas pela ciência obstétrica, que estão sendo recomendadas aos médicos em um determinado tempo e em um determinado espaço. Nesse sentido, é preciso que os Grupos Estratégicos Locais dos Hospitais, junto aos diversos coletivos existentes nos territórios, estejam atualizados com as melhores evidências científicas disponíveis. Todavia, conforme demonstra a autora, os manuais de obstetrícia têm sido um importante veículo de disseminação dos embasamentos teóricos que servem de sustentação às práticas, mas, na sua maioria, com um modelo de assistência que transforma algumas intervenções em procedimento de rotina.
Por fim, nos faz um convite a abrir novas perspectivas de pensar e agir na assistência ao parto e, do mesmo modo que o Projeto ApiceON, nos estimula a construir estratégias de ensino que busquem garantir a assistência integral à saúde da mulher e da criança, em que prevaleçam as boas condutas obstétricas cujo foco esteja nas necessidades vividas e sentidas por cada uma das mulheres.
Deixo o convite aos GELs… vamos inovar e produzir novos modos de ensino/pesquisa?
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