Dia das Médicas e Médicos Obstetras e Enfermagem Obstétrica e Obstetrizes – 12 de Abril

Neste 12 de abril, o Projeto ApiceON – Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e  Neonatologia – faz sua homenagem às Médicas e Médicos Obstetras e à Enfermagem Obstétrica e Obstetrizes, que representam o cuidado humanizado através da promoção da assistência integral à mulher nas diversas fases de sua vida, principalmente no período gestacional. Valorizamos a importância desses profissionais na prática diária intra-hospitalar e dentro de suas comunidades. Essa é uma data importante para homenagens, reflexões e lutas.

Abaixo reproduzimos na íntegra a Carta Aberta em homenagem ao Dia da Enfermagem Obstétrica produzia por:

  • Fernanda Alves do Nascimento e Fernando Ferreira Dias, alunos negros da Escola de Enfermagem da UFMG, cotistas, militantes do movimento negro e membros do Núcleo de Pesquisas em Saúde da Mulher e Gênero – NUPESMeG e,
  • Kleyde Ventura de Souza, mulher, negra, enfermeira obstetra, professora da Escola de Enfermagem da UFMG, coordenadora nacional da Rede Internacional de Enfermagem SaMuNeo, coordenadora do NUPESMeG-MG e presidente da ABENFO Nacional (Gestão 2018 – 2020).

 

À enfermagem obstétrica brasileira

Hoje, 12 de abril , dia em que a ABENFO Nacional chama a todas/todos a comemorar o dia da enfermagem obstétrica. Neste dia, de comemoração-resistência em nome da ABENFO Nacional e suas seccionais queremos falar de esperança, do verbo esperançar. Esperançar, como nos ensinou Paulo Freire, é juntar-se com outras/outros a fazer de outro modo. Essa perspectiva nos clama à urgência de produzir esperança (do verbo esperançar) de modo a responder aos desafios do nosso tempo na saúde das mulheres, na saúde dos homens, na saúde das comunidades, e em especial na atenção obstétrica e neonatal.

Nesta data de comemoração-resistência devemos lembrar que:
Os corpos e as interações sociais se refletem nas percepções construídas sobre os indivíduos e suas subjetividades. É dito por Simone Beauvoir “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”, e portanto as situações que perpassam a vidas desses seres constroem o seu existir/resistir. As mulheres ao longo de sua história têm lutado e por isso têm resistido na/pela ocupação dos corpos, os quais a elas pertencem, e também pela permanência (autônoma) de seus corpos no ambiente social. O enfrentamento dos desafios que atravessam as questões de gênero, raça-cor perpetuam em diversas instâncias, que vão desde as suas vidas, trabalho e até a luta pelos direitos humanos que devem ser garantidos a esse grupo.

A enfermagem tem muitos dos seus alicerces na força do feminino. A estigmatização da profissão e a sua resistência advém desse histórico social da construção da idealização do feminino. A ligação forte com questões pouco privilegiadas como as questões de gênero, as questões raciais e outras relativas às vulnerabilidades das mulheres nos convocam à interação desta temática com o movimento das mulheres pela luta de uma melhor atenção e cuidado em saúde.

A enfermagem obstétrica possui uma relação direta com as singularidades presentes nas diversidades do ser mulher, bem como às expressões que constituem o “tornar-se mulher”.

Como profissionais da enfermagem nos cabe como trabalhadoras/trabalhadores da saúde enfrentar os desafios que obstaculizam as possibilidades desses corpos serem reconhecidos, preservados e cuidados, estando essas pessoas como
mulheres, tornarem-se presentes nos serviços de saúde, e neste cenário assumir seu “lugar de fala”, que é composto majoritariamente por mulheres.

Cabe-nos como enfermeiras e enfermeiros obstetras promover a humanização na atenção e a integralidade no cuidado. Para isso é fundamental nos debruçarmos nos desafios que impõe as vulnerabilidades e os determinantes sociais que passam pela temática de gênero e transcorrem as questões étnico-raciais e de classe. Assim, conclamamos a todas/todos a uma mobilização na enfermagem e no setor saúde, para que possamos mudar o cenário de desigualdade e iniquidades nesta área.

Para isso, é importante reconhecer alguns desafios, tais como os índices registrados no Sistema de informação sobre mortalidade (SIM), os quais evidenciam que 64% da mortalidade materna atinge as mulheres negras. Outros dados também são alarmantes: apenas 33,9% das mulheres pretas recebem informações sobre o pré-natal e o risco da gravidez, enquanto entre as brancas esse índice é de 80%. A ainda outros aspectos que devem ser considerados: o
machismo, racismo e a marginalização da maioria dessas mulheres são observadas nas instituições de saúde. Deste modo, retomamos à convocação especialmente da enfermagem obstétrica, a reconhecer “seu lugar de fala” e deste lugar corresponsabilizar-se / comprometer-se na criação e implementação de estratégias para o enfrentamento e mudança desse cenário e assim, efetivar os direitos destas mulheres e de seus corpos/subjetividades nos espaços os quais eles ocupam. Retomemos o ensinamento de Paulo Freire: Esperançar é juntar-se a outras/outros para fazer de outro modo. Neste dia de comemoração-resistência convocamos os trabalhadores da saúde para que juntos lutemos pelo fortalecimento dos princípios que regem o SUS.

Download da Carta Aberta em PDF

 

Com o objetivo de ampliar a rede de sujeitos com maior capacidade de intervir nos modos de gerir e de cuidar em saúde – a partir de processos de formação-intervenção – o Ministério da Saúde (MS), em parceria com a Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (EEUFMG) estruturam e disponibilizam o Curso de Aprimoramento para Enfermeiras Obstétricas (CAEO) no componente parto e nascimento para os hospitais do projeto ApiceON.

O Aprimoramento vem como uma estratégia para implantação e disseminação do modelo preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de assistência ao parto e nascimento, que se aproxima do menor controle e maior cuidado no parto, em contraposição ao uso desnecessário de intervenções médicas e procedimentos invasivos.

Acesso o material do curso abaixo ou realize o download aqui.

 

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