No primeiro dia do 2º do Seminário Macrorregional Norte do Apice ON, que acontece nos dias 15 e 16 de maio, durante as mesas de discussão e dinâmicas foi destaque a necessidade de discutir e ampliar a rede de amparo às populações especiais como indígenas, quilombolas e ribeirinhos.
O antropólogo e pesquisador da Universidade Federal do Amazonas, João Paulo de Lima Barreto, do povo de Ye’pamahsã, do alto Rio Negro, participou de uma roda de conversa e apresentou parte das técnicas aplicadas no centro de medicina indígena, apontando a necessidade de a biomedicina e as instituições de educação formal em saúde reconhecerem a validade das técnicas indígenas de cuidado que envolvem desde rituais e dietas específicas como tratamentos válidos que podem se inserir na rotina hospitalar. A roda também contou com a participação da médica sanitarista e pesquisadora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Sandra Valongueiro, e a coordenadora pedagógica do Apice ON, Maria Esther Vilela.
Integrando realidades
Durante a abertura do Seminário, Eliane Palhares, diretora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), instituição executora do Apice ON, comentou sobre a responsabilidade assumida pelo Projeto de integrar tantas realidades, no sentido de promover o melhor cuidado e atenção para a mulher.
Já a professora Sandra Valongueiro destacou as estatísticas de mortalidade materna na região Norte, acima da média brasileira. A vulnerabilidade à morte materna, segundo Valongueiro, está ligada a questões de raça e classe social, fatores que não devem ser ignorados ao analisar o panorama da assistência. Com dados que apontam que 92% dos óbitos poderiam ser evitados, tem-se um cenário agravado pela naturalização das injustiças sociais que vitimaram um recorte específico da população feminina.
Célia Regina, representando o Conselho Nacional de Saúde (CNS), reforçou o viés da discussão, apontando a necessidade de respeitar as especificidades culturais e vulnerabilidades sociais como desafios na implementação da atenção integral à saúde da mulher como condição essencial para a atuação do Projeto Apice ON me um país de dimensões continentais e com enorme diferença cultural entre as regiões.
Apresentação dos GELs
O primeiro dia de Seminário Macrorregional em Belém tem rodas com apresentações e trocas de experiências pelos GELs, através de representantes escalados em cada equipe. As apresentações aconteceram em duas plenárias.
Na plenária 1, integrantes do GEL da Santa Casa do Pará fizeram a apresentação do time de respostas rápidas e das estratégias utilizadas na vigilância da morbimortalidade materna e neonatal. Os participantes da Maternidade Moura Tapajós, do Amazonas, falaram sobre a implantação do Serviço de Atenção a Vítimas de Violência Sexual, tema também apresentado pela Maternidade Bárbara Heliodora, do Acre.
Na plenária 2, os representantes do Hospital das Clínicas Gaspar Vianna, do Pará, e do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré, de Rondônia, apresentaram suas experiências com visita prévia da gestante à maternidade. Já a equipe do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, de Rondônia, expôs a vinculação e alta responsável e, o GEL do Hospital da Mulher Mãe Luzia, do Amapá, relatou sobre a implantação do acolhimento com classificação de risco.
Logo após as apresentações foi formada mesa de debate para discutir e aprofundar as experiências apresentadas.
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