Leal MC, Pereira APE, Domingues RMSM, Theme Filha MM, Dias MAB, Nakamura-Pereira M, Bastos MH, Gama SGN. Intervenções obstétricas durante o trabalho de parto e parto em mulheres brasileiras de risco habitual. Cad Saúde Pública 2014;30(Supl 1):17-32.
Este artigo discute os resultados da pesquisa Nascer no Brasil (2012) relativos à utilização das práticas de atenção ao parto e nascimento em parturientes de baixo risco. Trata-se de estudo de base hospitalar com 23.894 mulheres entrevistadas.
O estudo apresenta os percentuais de utilização de intervenções que deveriam ser abolidas no trabalho de parto e parto, como o uso rotineiro de ocitocina, cateter venoso, jejum, amniotomia, episiotomia e Kristeller. Demonstra também os percentuais de utilização das boas práticas, como a oferta de dieta no trabalho de parto, deambulação, métodos não farmacológicos de alívio à dor e posições não supinas no parto.
Apesar da existência de bibliografia robusta acerca das práticas de atenção ao parto e nascimento, que recomenda o que usar e o que não utilizar no cuidado às mulheres e bebês durante o parto e nascimento, os resultados deste estudo demonstram que os serviços de atenção obstétrica no Brasil mantêm práticas que deveriam ser abolidas. Do mesmo modo, comprova que as boas práticas não estão amplamente ofertadas às mulheres e bebês.
Ao comparar os resultados encontrados com dados da assistência de outros países como Austrália, França, Estados Unidos, Reino Unido, demonstra que o Brasil apresenta modelo de atenção ao parto e nascimento com excesso de intervenções.
Conclui que as mulheres brasileiras de todos os grupos socioeconômicos e de baixo risco obstétrico estão sendo desnecessariamente expostas aos riscos de iatrogenia no trabalho de parto e parto.
Empoderar as mulheres e adotar o uso de práticas de cuidados baseadas em evidências científicas são estratégias para fomentar uma atenção humanizada e respeitosa ao parto e nascimento, melhorar a saúde das mulheres e dos bebês e promover qualidade de vida.
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