Foto SUSAM
A Maternidade Balbina Mestrinho, em Manaus-AM, reinaugurou, no dia 21 de junho, o Centro de Parto Normal Intra-hospitalar (CPNI). O espaço passou por uma adequação com o objetivo de estimular as gestantes a optarem pelo parto com o mínimo de intervenção possível. Entre as novidades da reformulação do CPNI estão as suítes com banheira com água aquecida, para as grávidas que optarem por dar à luz dentro da água, e uma sala de parto multicultural, preparada para receber indígenas, quilombolas e estrangeiras, de modo a respeitar as culturas e costumes tradicionais.
O novo Centro de Parto Normal Intra-hospitalar foi readequado para quatro suítes de até 30 metros quadrados, duas delas com banheira para nascimento na água e todas equipadas com métodos de alívio não farmacológico da dor – equipamentos para exercícios que ajudam na dilatação para estimular o parto normal. As banheiras possuem água aquecida, que proporciona relaxamento e ajuda amenizar as dores das contrações. Todas as suítes possuem cama padrão PPP (Pré-Parto, Parto e Pós-Parto), além de chuveiro aquecido.
“O que estamos fazendo é dotar nossas maternidades das condições necessárias para melhorarmos, cada vez mais, nossos serviços. O objetivo é dar à mulher conforto e autonomia no seu momento mais sublime, oferecendo um ambiente mais acolhedor”. Rodrigo Tobias, secretário estadual de Saúde do Amazonas.
Em média, 460 crianças nascem, por mês, na Maternidade Balbina Mestrinho, a segunda maior maternidade do Estado e também a mais antiga. A avaliação da mulher é feita no processo de admissão e, caso não haja impedimento, ela pode escolher a forma que achar mais confortável de dar à luz. . “A ideia é tornar a mãe e o pai os protagonistas no nascimento da criança”, afirma a diretora da maternidade Rafaela Faria.
A equipe multiprofissional do centro é composta por enfermeiros obstétricos, técnicos de enfermagem, além de equipe de retaguarda formada por médicos obstetras, neonatologistas, fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais. Segundo Dayana Mejia de Souza, secretária executiva da capital da Secretaria de Saúde do Estado (SUSAM), a expectativa é aumentar o número de partos no CPNI.
De acordo com o gerente de maternidade da Susam, Lindinaldo Santos, todas as maternidades da rede estadual seguem protocolos de boas práticas no nascimento, preconizadas pelo Ministério da Saúde (MS) no parto humanizado, dentre as quais o direito da mulher escolher a posição em que deseja parir, em caso de parto normal, e um acompanhante.
“Exercícios, massagens de relaxamento, aromaterapia e o próprio parto na água auxiliam na redução da dor e numa experiência de parto humanizado”, ressaltou o gerente.
Cada sala de parto conta com uma decoração diferenciada e especial, segundo explicou a gerente administrativa da maternidade, Gisele Vieira. Com temas que vão do provençal ao amazônico, com o objetivo de acolher a mãe e a família durante o processo da parturiente. Banheira de três lugares, banco de parto, berço aquecido, massageador, berço ergonômico, escada de ling, televisão, poltrona para acompanhante, Bola de bobat, estão entre os novos itens. “Traz a possibilidade, inclusive do pai acompanhar o parto na água, se o casal desejar”, acrescentou Gisele.
Ambiente Multicultural
A sala de parto multicultural, chamada de suíte universal, terá protocolo diferenciado para inclusão étnico cultural de mulheres indígenas, quilombolas, estrangeiras e também para surdas que derem à luz na maternidade. O quarto conta com uma antessala para acompanhantes, com espaço para cerimônias e rituais religiosos, decorada com temas amazônicos. É a maior sala do complexo, com 30 metros quadrados.
“Importante ressaltar que não estamos querendo interferir trazendo a mulher indígena da aldeia para ter seu bebê na maternidade, mas oferecer a mulheres de culturas diferentes um espaço que respeite sua cultura, seus costumes, caso precisem da nossa assistência”, ressalta a diretora da maternidade, Rafaela Faria.
A equipe recebeu treinamento para lidar com parturientes de culturas e necessidades diferenciadas, como indígenas, quilombolas, estrangeiras e surdas. Os profissionais estão sendo capacitados para atender em língua espanhola, Língua Brasileira de Sinais (Libras), além de contar com a tradução do Juramento ao Corte do Cordão Umbilical em Português, Espanhol e Tukano, que é a língua falada pelo maior número de parturientes indígenas atendidas na maternidade.
A Maternidade Balbina Mestrinho é uma das 04 maternidades do Amazonas que faz parte do Projeto ApiceON. A garantia da autonomia e do protagonismo da mulher no momento do parto, bem como o acolhimento das especificidades étnicas e culturais tem sido amplamente discutida com as equipes da maternidade. É com muita alegria que vemos ações como essas sendo concretizadas, um espaço totalmente pensado para atender as necessidades das mulheres amazonenses em um momento tão especial.
Incentivo ao parto normal
A implantação de centros de parto normal em maternidades do Estado segue as diretrizes da Política Nacional de Humanização preconizada pelo Ministério da Saúde (MS). É embasada na Portaria nº 11/2015 que redefine as diretrizes para implantação e habilitação de Centro de Parto Normal (CPN), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), para o atendimento à mulher e ao recém nascido, no momento do parto e do nascimento, em conformidade com o Componente Parto e Nascimento da Rede Cegonha, considerando o direito das mulheres a ambientes de cuidados que favoreçam a realização das boas práticas de atenção ao parto e a nascimento.
O MS preconiza que somente 15% dos partos sejam realizados por cirurgia cesariana. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a prioridade para o parto normal por oferecer menos riscos à saúde da mulher e do bebê.
A coordenadora de Redes, Luena Xerez, chama atenção para a necessidade de se incentivar o parto normal entre as mulheres. Segundo ela, a dor do parto, que é natural, faz com que muitas mulheres tenham a preferência pela cesariana, muitas vezes porque não fizeram o pré-natal e não receberam orientação sobre os benefícios do parto normal e os riscos da cesariana. Para a coordenadora, a cesariana é exceção, um recursos para casos especiais em que a mulher não pode parir pela via normal.
“Pela distorção e profusão de orientações, a mulher tem dificuldade de compreender que a dor do parto faz parte do processo e que o parto normal é mais saudável para ela e o bebê. Além disso, para algumas mulheres, o trabalho de parto pode demorar mais de 48 horas. Essa mulher, quando não bem orientada, chega à maternidade convencida de que o melhor para ela é a cesariana, quando o protocolo normal é deixar que a natureza faça o seu trabalho. É preciso fortalecer e incentivar o parto normal, assim reduz-se os conflitos dentro das maternidades”, defende Luena.
Confira abaixo fotos das instalações:
Fotos SUSAM
Benefícios do parto Normal
Para a gestante:
Para o bebê:
Critérios para que mulheres possam ter partos no CPNI
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