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Profissionais da saúde discutem obstetrícia e neonatologia

22 nov 2017

Nos dias 21 e 22 de novembro, cerca de 120 profissionais da saúde, entre gestores, enfermeiros e médicos dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná estiveram reunidos em Porto Alegre para o 1º Seminário Macrorregional Sul do Projeto de Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia (Apice On).

Desenvolvido pelo Ministério da Saúde e executado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o projeto Apice On visa qualificar profissionais de hospitais universitários e de ensino atuantes no âmbito da obstetrícia e neonatologia ao propor iniciativas para implantação e replicação de boas práticas relativas à atenção ao parto, nascimento, abortamento, saúde sexual e reprodutiva, além de cuidados com mulheres em situação de violência sexual.

O seminário contou com a presença do Secretário de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul, João Gabbardo, que destacou a importância do projeto ao promover mudanças na atenção à mulher, afirmando que tais iniciativas são necessárias para melhorar cada vez mais as estatísticas. O secretário mencionou ainda que pela primeira vez o estado do Rio Grande do Sul registrou estatísticas de mortalidade infantil abaixo de 10 a cada 100 mil, resultado possível pelo amadurecimento das políticas públicas e empenho dos profissionais do estado.

A coordenadora geral de Saúde das Mulheres do Ministério da Saúde e coordenadora do Apice On, Maria Esther de Albuquerque Vilela destacou, na mesa de abertura, a necessidade de trazer práticas baseadas em evidências científicas recentes para o cotidiano dos hospitais como forma de garantir o atendimento adequado em obstetrícia e neonatologia e promover o acesso amplo da mulher aos seus direitos. Segundo a médica, o Apice On vem do amadurecimento das diretrizes da Rede Cegonha, ampliando a atenção para o abortamento previsto por lei e violência sexual e prioriza a atuação no contexto do ensino como forma de naturalizar as boas práticas no dia a dia hospitalar.

O neonatologista, pediatra e professor do Departamento de Pediatria da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Ricardo Chaves, foi um dos palestrantes e falou sobre cuidados com o bebê no momento do parto. Ele ressaltou a necessidade de tratar recém nascidos com maior sensibilidade, amparando bebês saudáveis sem procedimentos invasivos, além de criar vínculos com a mãe. Segundo o professor, o parto é um processo fisiológico e deve ser tratado como tal, sem a necessidade de intervenções que, comprovadamente, não levam benefícios ao bebê e são praticadas por hábito.

O obstetra Edson Borges de Souza, coordenador de aleitamento materno do Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte, foi responsável por destacar a importância da integração entre a equipe médica e de enfermagem nos hospitais para formar um sistema de amparo e segurança à gestante. Edson frisou a necessidade de respeitar os desejos da paciente, permitindo a presença de acompanhantes no quarto de parto e também a importância de não tratar casos comuns de baixo risco como exceções que carecem de intervenções

A atenção à mulher e o trato do parto como processo fisiológico foi o tema abordado pela professora da Universidade de Campina Grande (UFCG), Melania Amorim,  que também discutiu questões relativas à garantia de direitos da mulher em situação de abortamento, destacando a falta de acesso ao planejamento familiar adequado e violência sexual. A obstetra comentou ainda que o modelo de assistência ao parto no Brasil não é centrado na mulher. Segundo Melania, o foco no ensino em observância às evidências científicas é o melhor modo de mudar essa realidade.

Coordenadora do Apice On e professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Kleyde Ventura, destacou o tom de chamamento ao trabalho do seminário, afirmando que se deve reconhecer as intersecções do trabalho para possibilitar uma interação saudável entre as áreas de conhecimento e um trabalho em equipe profícuo. Segundo a professora, o exercício diário deve ser o de procurar parcerias, estar junto do outro e se abrir para novas experiências. “Forma-se pessoas não apenas para certificá-las com um diploma e, sim, para que ela reconheça suas condições de agir”, afirmou.

Durante o encontro, além de ter a oportunidade de trocar experiências entre os profissionais de outros estados, os participantes puderam discutir com a equipe, coordenação geral e regional do projeto, além de mediadoras, os componentes de planejamento, monitoramento e avaliação do Apice On, elaborando uma pré análise de situação e estipulando uma versão prévia do calendário de ação junto à equipe técnica, grupos estratégicos locais e servidores dos hospitais.

A enfermeira Ana Maria Brisola, do Centro Obstétrico da Maternidade Darcy Vargas, em Joinville, Santa Catarina, comentou dados do município e destacou a importância do Apice On para melhora dos indicadores e no complemento às diretrizes da Rede Cegonha. Segundo Ana Maria, Joinville alcançou o índice de mortalidade infantil de 5,1 em 1000 nascidos no ano passado, número comparável ao de países desenvolvidos. Destacou também que a maternidade alcançou o índice de 86% de partos sem necessidade de sutura, indicando um bom manejo dos profissionais no período expulsivo. Segundo ela, um dos maiores desafios repousa na diminuição da gravidez na adolescência, um dos pontos tocantes ao Apice On, por meio da promoção ao planejamento familiar adequado.

Plataforma Apice On

Sendo um projeto de abrangência nacional, com cerca de 1000 profissionais envolvidos, o Apice On conta com uma plataforma de interação própria, com ambiente para compartilhamento de informações, divulgação de dados e estatísticas, acompanhamento de metas e diálogo com equipes. Lidianne Cruz, da equipe de Desenvolvimento Institucional do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) foi responsável pela apresentação do site aos participantes, disponível para acesso público na aba Apice On no Portal de Boas Práticas do IFF/Fiocruz . Foram demonstradas as funcionalidades disponíveis para integração entre os profissionais, o ambiente de comunicação social, contato e sistema de planejamento, monitoramento e avaliação.

Zero Morte Materna por Hemorragia

Durante o seminário, o Secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, João Gabbardo dos Reis realizou a entrega simbólica de um traje antichoque para a coordenadora da maternidade do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Rosemarie Flemming. A iniciativa é parte dos esforços do Ministério da Saúde por meio do Programa Zero Morte Materna por Hemorragia para reduzir os índices de mortalidade por hemorragia obstétrica. Todos os hospitais participantes do Apice On do estado do Rio Grande do Sul, um dos estados abrangidos pelo Zero Morte Materna por Hemorragia, receberam o traje durante o evento.

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