Entre os dias 24 e 25 de outubro, cerca de 90 profissionais de hospitais universitários e instituições formadoras da macrorregião Centro-Oeste se reuniram em Brasília para discussão dos eixos do Projeto Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia (Apice On).
A coordenadora-Geral de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, Maria Esther de Albuquerque Vilela, ressaltou a importância do projeto no aprimoramento da atenção à saúde da mulher, com foco na formação e capacitação de profissionais multiplicadores. Ao comentar a instância de atuação do projeto, voltado para hospitais universitários e de formação, destacou a necessidade de atuar diretamente no eixo de ensino para incentivar boas práticas no âmbito da obstetrícia e neonatologia e, além de aprimorar técnicas, elevar o patamar de dignidade no trato das mulheres, seja no parto, em situação de abortamento ou violência sexual.
Ao explicar os protocolos de planejamento, monitoramento e avaliação do Apice On, a professora da Escola de Enfermagem da UFMG, Elysângela Dittz destacou a etapa de avaliação prévia da situação atual do atendimento e gestão de processos de cada unidade para não incorrer no risco da homogeneização de realidades diferentes para estipulação de metas-objetivo relativas ao roteiro diagnóstico do projeto e relacionados à meta geral. A professora abordou também os desafios de agir contrário à precarização dos serviços e foco nos componentes de gestão, ensino e atenção. Após o encontro, os participantes ficam responsáveis por apresentar o projeto às equipes para realização do diagnóstico técnico e situacional e futura elaboração do plano de ação.
Durante o primeiro dia de encontro, os participantes foram convidados a participar de um Café com Ideias, momento em que são escolhidos grupos de discussão de temáticas específicas. O debate é pautado por perguntas disparadoras nas áreas de parto e nascimento, violência sexual, abortamento e planejamento pós aborto. Durante o Café com Ideias, os participantes são estimulados a participar de todos os eixos com equipes diferenciadas. Renata Valduga, representante do Hospital Geral de Cuiabá comentou a prática, afirmando que o contato com os grupos possibilita uma troca de experiências muito rica para o profissional que pode ter contato com outras realidades e levar vivências de outras instituições para o dia a dia. Renata destacou ainda o potencial do projeto Apice On de formação de pessoas e capacidade de multiplicar o conhecimento, não só por meio do ensino, como também pelo exemplo.
A mediadora da cidade de Campo Grande, Carine Gomes afirmou que o projeto traz diretrizes inovadoras para a prática hospitalar e tem grande potencial de sensibilização das práticas de atenção. “É muito importante a atuação direta em hospitais de ensino, pois é o momento em que é possível moldar o profissional e oferecer um olhar diferenciado”, comentou.
A enfermeira obstetra do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), Gabrielle Medeiros afirmou que o hospital tem forte atuação no cuidado à mulher no parto e pediatria, e o projeto traz uma oportunidade de aprimorar os procedimentos do hospital, principalmente, na assistência às gestantes e mulheres em abortamento. Destacou também a oportunidade de troca de experiências com profissionais de outros hospitais que convivem com outras realidades e trazem desafios à prática. “O Apice On oferece a possibilidade de estabelecer um protocolo comum baseado em evidências científicas que ajuda a afinar os processos obstétricos, de atenção e cuidado”, concluiu.
Em palestra, a professora de ginecologia e obstetrícia da Universidade Federal de Campo Grande (UFCG), Melania Amorim, respondeu questionamentos feitos pelas equipes de trabalho durante o Café, além de discutir questões relativas à saúde da mulher em situação de abortamento, métodos contraceptivos e violência sexual. A professora também chamou atenção para o papel importante que as maternidades e equipes de cuidado podem exercer na atenção à vítima, garantindo o acesso aos direitos previstos por lei e também na conscientização.
A supervisora do Apice On no Centro-Oeste, Adriana Melo, avaliou o seminário como um sucesso. Segundo ela, a dedicação dos participantes em discutir o assunto, conhecer novas realidades e partilhar experiências impulsiona o programa ao motivar os profissionais a levaram a mudança para sua rotina, integrando-a no dia-a-dia das atividades dos hospitais, aliando bom exemplo e inovação no ensino formal.
Apice On
O projeto de Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia (Apice On) é fruto de iniciativa do Ministério da Saúde e tem como foco hospitais com atividade de ensino em todo o Brasil. Envolvendo 96 instituições, é executado em parceria com a Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ministério da Educação (MEC), Fiocruz/IFF, EBSERH e Abrahue e tem como objetivo a qualificação da atenção, gestão e formação tangentes ao parto, nascimento e abortamento nos hospitais participantes. O modelo tem como base a prática baseada em evidências científicas, humanização dos processos, segurança e a garantia de direito.
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