Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Além da sobrevivência: práticas integradas de atenção ao parto, benéficas para a nutrição e a saúde de mães e crianças / Ministério da Saúde,Secretaria de Atenção à Saúde, Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno. – 1. ed., 1. reimp. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.
Na atualidade, sabe-se que o parto e o período pós-parto imediato são períodos de especial vulnera-bilidade tanto para a mãe quanto para o recém-nas-cido. Estima-se que, durante as primeiras 24 horas após o parto, ocorrem entre 25 e 45% das mortes neonatais e 45% das mortes maternas.1,2 Por essa razão, as práticas de atenção ao parto e ao período pós-parto imediato, que estão orientadas aos problemas mais sérios e imediatos da mãe (ex. hemorragia pós-parto e infecção puerperal) e do recém-nascido (asfixia, baixo peso ao nascer, prematuridade e infecções graves) são as que recebem maior atenção no registro das intervenções em saúde pública. Apenas recentemente, o destino do recém-nascido tem conseguido maior destaque, já que as iniciativas prévias haviam enfocado diretamente a saúde e a segurança da mãe durante o parto,² enquanto os programas de sobrevivência infantil tendiam a se concentrar nas condições que afetam a sobrevida depois do período neonatal (depois dos primeiros 28 dias de vida).
A quantificação recente da imensa contribuição da mortalidade neonatal à mortalidade geral de menores de cinco anos (aproximadamente um terço de todas as mortes de menores de cinco anos)¹ ofereceu a oportunidade para destacar várias práticas simples, baratas e baseadas em evidência de atenção ao parto, que podem aumentar os índices de sobrevivência dos “recém-nascidos esquecidos” durante o parto e período pós-parto.3 Contudo, enquanto a atenção é hoje dividida de forma mais equitativa no que diz respeito à sobrevivência dos dois “componentes” do binômio mãe-bebê durante o parto e o puerpério imediato, uma oportunidade crucial para implementar práticas simples, capazes de afetar, no longo prazo, a nutrição e a saúde da mãe e do recém-nascido, pode estar sendo ignorada. O clampeamento tardio do cordão umbilical, o contato imediato pele-a-pele e o início da amamentação exclusiva são três práticas simples que, além de proporcionar benefício instantâneo ao recém-nascido, podem ter impacto no longo prazo na nutrição e na saúde da mãe e do bebê e, possivelmente, afetem o desenvolvimento da criança muito além do período neonatal e do puerpério. Assim, um programa de atenção integral que inclua essas três práticas – além das práticas de atenção materna que se promovem para prevenir a morbidade e a mortalidade, tais como o manejo ativo do terceiro período do parto – melhorarão, no curto e longo prazos, tanto a saúde da mãe quanto a do bebê.
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