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Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação …

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Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável no Sistema Único de Saúde: manual de implementação / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015.

Aproximadamente 200 milhões de crianças menores de 5 anos, residentes em países em desenvolvimento, não atingem seu potencial de crescimento e desenvolvimento. Ações de promoção do aleitamento materno e de alimentação complementar saudável contribuem para a reversão de tal cenário. Estima-se que essas ações sejam capazes de diminuir, respectivamente, em até 13% e 6%, a ocorrência de mortes em crianças menores de 5 anos em todo o mundo (JONES et al., 2003).

De acordo com a Estratégia Global para Alimentação de Lactentes e Crianças de Primeira Infância, a nutrição adequada e o acesso a alimentos seguros e nutritivos são componentes cruciais e universalmente reconhecidos como direito da criança para atingir os mais altos padrões de saúde, conforme estabelecido na Convenção sobre os Direitos da Criança. Além disso, considera-se que mães e crianças formam uma unidade biológica e social e, portanto, mulheres têm o direito à nutrição apropriada, à informação completa, a decidirem como alimentar seus filhos e às condições apropriadas que as permitam por em prática as suas decisões (OMS; UNICEF, 2005).

A Organização Mundial da Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Ministério da Saúde do Brasil (MS) recomendam que a amamentação seja exclusiva nos primeiros 6 meses de vida e complementada até 2 anos de idade ou mais, com a introdução de alimentos sólidos/semissólidos de qualidade e em tempo oportuno, o que resulta em inúmeros benefícios para a saúde das crianças em todas as etapas da vida.

Pesquisas apontam que o leite materno, além de proteger a criança pequena contra diarreias, pneumonias, infecções de ouvido e alergias, propicia melhor desenvolvimento do sistema nervoso, forte vínculo com a mãe e menor chance de desenvolverem diabetes, obesidade, hipertensão arterial e vários tipos de câncer na vida adulta (TOMA; REA, 2008; WCRF/AICR, 2007). A amamentação também proporciona diversos benefícios para as mães, entre eles destaca-se a maior facilidade de perder peso após a gestação e a prevenção do câncer de mama durante e após o período de aleitamento (COLLABORATIVE GROUP ON HORMONAL…, 2002).

Todavia, as práticas alimentares de crianças pequenas, segundo dados da II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, revelam que o Brasil ainda está muito aquém das recomendações da OMS. A duração mediana do aleitamento materno exclusivo (AME) foi de 54,1 dias (1,8 meses) e a da amamentação foi de 341,6 dias (11,2 meses). Essa mesma pesquisa mostrou que 41% das crianças menores de 6 meses estavam em AME, quando o desejado, segundo a OMS, é que 90% a 100% dessas crianças sejam alimentadas dessa forma(BRASIL, 2009c).

A prevalência do uso de mamadeira foi 58,4%, e de chupeta 42,6% no primeiro mês de vida; as prevalências do uso de água, chás e outros leites foram, respectivamente, 13,8%, 15,3% e 17,8%. Entre 3 e 6 meses de vida, observou-se consumo de comida salgada em 20,7% das crianças e de frutas, em 24,4%; as prevalências do consumo de bolachas/salgadinhos, refrigerantes e café entre crianças de 9 a 12 meses de vida foram, respectivamente, 71,7%, 11,6% e 8,7%, demonstrando que, além da introdução precoce de alimentos, observa-se consumo de alimentos não recomendados para crianças menores de 2 anos (BRASIL, 2009c).

De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), 40,1% das crianças menores de 6 meses e 77,1% das crianças de 6 a 12 meses consumiram leite não materno no dia anterior à entrevista, sendo que 62,4% e 77,1% dessas crianças, respectivamente, consumiram leite de vaca, que não é recomendado no primeiro ano de vida (BORTOLINI et al., 2013). Também foi observado que apenas 12,7% das crianças de 6 a 59 meses consumiam diariamente verduras de folhas, 21,8% legumes e 44,6% frutas (BORTOLINI et al., 2012).

Práticas alimentares inadequadas nos primeiros anos de vida estão intimamente relacionadas à morbimortalidade de crianças, representada por doenças infecciosas, afecções respiratórias, cárie dental, desnutrição, excesso de peso e carências específicas de micronutrientes como as de ferro, zinco e vitamina A. Atualmente, no Brasil, 50% das crianças menores de 2 anos apresentam anemia por deficiência de ferro e 20% apresentam hipovitaminose A (SPINELLI et al., 2005; JORDÃO et al., 2009; VIEIRA; FERREIRA, 2010). O padrão alimentar estabelecido nos primeiros anos de vida também repercute nos hábitos alimentares das crianças e na saúde em outras etapas da vida (BRASIL, 2009a).

As rápidas mudanças sociais e econômicas intensificam as dificuldades das famílias em manter uma alimentação adequada. A crescente urbanização resulta em mais famílias que dependem de empregos informais com rendimentos incertos e pouco ou nenhum dos benefícios legais de proteção à maternidade (OMS; UNICEF, 2005).

Mediante tal cenário, o grande desafio do profissional de saúde no apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável é superar a sua práxis. Isso implica não somente a necessidade de conhecimento técnico, mas, sobretudo, conhecimentos, habilidades e atitudes para acolher dúvidas, preocupações, dificuldades das mães e seus familiares, por meio de escuta ativa, que propicie disponibilidade, empatia e percepção para propor ações factíveis e congruentes ao contexto de cada família (BRASIL, 2010).

Assim, os profissionais da Atenção Básica, com apoio da comunidade, dos conselhos de saúde e em articulação com outros setores da sociedade, podem ser atores de políticas públicas que propiciem a prática do aleitamento materno exclusivo por 6 meses e continuado por 2 anos ou mais com alimentação complementar saudável, considerando as identidades culturais, regionais e locais(BRASIL, 2010).

Disponível Em: <http://bvsms.saude.gov.br/>