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Guia de Animais Peçonhentos do Brasil

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Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento de Doenças Transmissíveis. Guia de Animais Peçonhentos do Brasil [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Departamento de Doenças Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2024

Os acidentes por animais peçonhentos representam um importante desafio para a saúde pública no Brasil. Devido à rica biodiversidade e ao clima tropical favorável, o País abriga uma grande variedade de serpentes, aranhas, escorpiões e outros animais peçonhentos, cujas picadas ou mordidas podem resultar em graves consequências para a saúde humana. Nesse contexto, é crucial compreender e saber identificar esses animais, a fim de implementar medidas preventivas eficazes e fornecer atendimento adequado às vítimas.

Na Carta de São Vicente, publicada em 1560, o Padre José de Anchieta já informava sobre as “cobras venenosas” encontradas em terras brasileiras. Ali se falava das “jararacas”, que “abundam campos, matas e até mesmo nas casas”, e cuja mordedura “mata no espaço de vinte e quatro horas”. Anchieta relata também a presença da “boicininga” (cascavel) que, “uma só vez que mordam, não há mais remédio”. Nessa obra, o religioso também detalhou a presença no Brasil de lacraias, aranhas, vespas, lagartas, formigas e abelhas. Já nos séculos XVIII e XIX, diversas espécies foram formalmente descritas, e as suas toxinas passaram a ser estudadas por pesquisadores como João Batista de Lacerda, Otto Wucherer e Vital Brazil, tornando o Brasil um dos países pioneiros da toxinologia. Vital Brazil foi ainda o primeiro cientista a descobrir a especificidade antigênica e imunogênica dos antivenenos, que é o mecanismo por trás da ação destes.

Em 1986, por decorrência da crise na produção de antivenenos no Brasil, foi implantado o Programa Nacional de Controle de Ofidismo. Nesse período, os acidentes ofídicos passam a ser de notificação obrigatória. Dados sobre escorpionismo e araneísmo começam a ser coletados a partir de 1988, sendo esses dois agravos incorporados ao denominado Programa Nacional de Controle de Acidentes por Animais Peçonhentos.

Em 2010, por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), os acidentes voltaram a ser notificados compulsoriamente e as informações passaram a ser melhor utilizadas para elaborar estratégias de controle desses animais, além de servirem de subsídio para a definição de necessidades de antivenenos a serem distribuídos às unidades federadas (UFs) e a avaliação do seu uso, e, ainda, melhor determinar os pontos estratégicos para o atendimento aos acidentados.

A importância dos acidentes por animais peçonhentos para a saúde pública pode ser expressa pelo aumento significativo no número de acidentes e óbitos registrados a cada ano, decorrentes dos diferentes tipos de envenenamento. Ressalta-se o escorpionismo, que vem adquirindo elevada magnitude, devido a fatores como: a expansão da ocorrência de espécies bem adaptadas a convivência humana, a ocupação humana desordenada e as mudanças climáticas.

or constituir um problema de saúde pública que afeta principalmente populações socioeconomicamente vulneráveis, o ofidismo, particularmente, passou a ser considerado uma das doenças tropicais negligenciadas (DTNs) segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mediante essa situação, e com o objetivo de alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), o Brasil, junto a diversos países, assumiu o compromisso com a OMS de reduzir em 50% a mortalidade dos acidentes ofídicos até 2030. Essa estratégia foi desenvolvida para atender os seguintes pilares: aumentar a acessibilidade aos soros antivenenos; garantir tratamento soroterápico com ênfase na segurança do paciente, na qualidade e na eficácia; fortalecer os serviços de saúde; capacitar os profissionais de saúde; mobilizar e sensibilizar a sociedade; e integrar parceiros para viabilizar recursos financeiros, por exemplo, o compartilhamento de tecnologias entre os laboratórios produtores para a produção dos antivenenos.

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