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Manejo Respiratório em Crianças e Adolescentes com COVID-19

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Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Manejo Respiratório em Crianças e Adolescentes com COVID-19. 22 Jun., 2020

A COVID-19 é a doença causada pelo novo coronavírus 2019 (SARS-CoV-2). O modo de transmissão é de pessoa a pessoa, por meio de gotículas respiratórias (tosse, espirro ou falar alto) ou contato próximo (contato das mãos contaminadas com a boca, nariz ou conjuntiva ocular).

O período de incubação é geralmente em torno de 5 a 6 dias, podendo variar de 0 a14 dias. A duração do período de transmissibilidade é desconhecida sendo considerada atualmente em média 7 dias após o início dos sintomas, podendo ser maior em imunos-suprimidos.

O espectro das apresentações clínicas da COVID-19 varia desde infecção assintomática, quadro de infecção de vias aéreas superiores (Síndrome Gripal) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) evoluindo para insuficiência respiratória grave e Parada Cardiorrespiratória (PCR).

A maioria das crianças apresenta sintomas leves, sem febre ou pneumonia. No entanto, podem manifestar sinais de pneumonia ao exame de imagem do tórax, apesar de apresentarem sintomas mínimos ou inexistentes. O paciente pode apresentar febre, tosse, dificuldade para respirar, dor de garganta, rinorreia, dor no peito, bem como sintomas gastrintestinais, como diarreia, náuseas e vômitos. É provável que parcela significativa das insuficiências respiratórias em pediatria não seja causada por SARS-CoV-2.

As crianças parecem não ser responsáveis por uma grande proporção da COVID-19. Nas maiores séries da China, pacientes pediátricos com menos de 19 anos representaram 2% dos casos confirmados. Na Itália, os casos COVID-19 em coorte pediátrica (0 a 18 anos) representou apenas 1,2%. Na Coreia, crianças menores de 19 anos foram de 4,8%. Em uma série de 1.391 pacientes pediátricos do Hospital Infantil de Wuhan que foram rastreados de 28 de janeiro de 2020 a 26 de fevereiro de 2020, o SARS-CoV-2 foi confirmado em 171 pacientes (12,3%), maior do que uma coorte descrita anteriormente de 366 crianças do Hospital Tongji em Wuhan em que encontraram apenas seis casos positivos (1,6%). Em Guangzhou, China, de 745 crianças que estavam em contato próximo com adultos com COVID-19, 10 apresentaram resultados positivos (1,3%), sugerindo ampla variação.

Os dados publicados e as evidências apoiam de que a maioria das crianças não exibe doença grave. A maioria das crianças que testou positivo na China foi identificada devi-do à triagem das famílias contatos e grupos familiares, e não por causa de sinais e sintomas da doença. Na maior revisão retrospectiva de casos publicada sobre a COVID-19 em crianças (n = 2.143) até o momento, 94,1% das crianças eram assintomáticos (4,4%) ou apresentavam doença leve (50,9%)/moderada (38,8%). Esta série foi predominantemente de casos suspeitos, não confirmados (65,9%), no inverno com variedade de vírus circulantes, e não está clara qual é a verdadeiro taxa positiva desta série. Na série de casos de verdadeiros positivos do Hospital Infantil de Wuhan, 15,8% (n = 27) eram assintomáticos e 19,3% (n = 33) apresentavam apenas infecção do trato respiratório. Os sintomas mais comuns foram tosse (48,5%) e febre (41,5%) – isso é suportado por várias outras séries de casos menores já existentes na literatura.

No entanto, crianças menores de 1 ano parecem ter risco aumentado de doença grave com 10%. A taxa de doença grave nos outros grupos etários foi menor (7,3% em 1 a 5 anos; 4,2% em 6 a 10 anos; 4,1% em 11-15 anos e 3%> 16 anos), com uma morte em paciente com 14 anos. O grupo de lactentes foi o que teve a maior proporção de pacientes com doença diagnosticada somente com dados clínicos existindo ainda a possibilidade de outros vírus como influenza A / B e o vírus respiratório sincicial que podem ter causado doença grave.

No entanto, temos poucos dados sobre o impacto da infecção pelo SARS-CoV-2 em crianças com doenças crônicas, é provável que muitas crianças, precisem ser monitoradas de perto para doenças graves.

Para definição de caso suspeito ou confirmado, no que diz respeito à criança e adolescentes devem-se acompanhar as diretrizes estabelecidas e publicadas pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde (https://coronavirus.saude.gov.br/).

Disponível Em: <https://www.sbp.com.br/>