Organização Pan-Americana da Saúde. Manual de orientação para o curso de prevenção de manejo obstétrico da hemorragia: Zero Morte Materna por Hemorragia. Brasilia: OPAS; 201.
O 5° Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio mostrou que o Brasil atingiu a meta da Organização das Nações Unidas (ONU) e reduziu em dois terços os indicadores de mortalidade infantil, em crianças de até 5 anos. O mesmo relatório expõe um lado negativo para o país, o de que a redução da mortalidade materna não teve o mesmo sucesso.
A Razão de Morte Materna – RMM global diminuiu cerca de 44% nos últimos 25 anos: saindo de uma RMM de 385 por 100 000 nascidos vivos em 1990 a uma RMM de 216 por 100.000 nascidos vivos em 2015. O Brasil não cumpriu o compromisso de chegar em 2015 com no máximo 35 óbitos maternos a cada 100 mil nascidos vivos.
A mortalidade materna é um indicador das condições de vida e assistência em saúde de uma população e a quase totalidade das mortes, cerca de 99%, ocorre em países em desenvolvimento. A falta de educação, alimentação adequada, suporte social e assistência sanitária associam-se fortemente à mortalidade materna, sendo um indicador de iniquidade entre os ricos e os pobres.
A mortalidade materna ainda evidencia as desigualdades de gênero, tanto no acesso à educação, à nutrição, quanto no acesso à saúde e seu caráter prevenível, considerando a importância de se estabelecer ações intersetoriais que garantam a qualidade do acesso à saúde a toda população.
Diante deste cenário, foi restabelecida a redução da mortalidade materna como umas das prioridades descritas como uma meta mundial nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A maioria das mortes é devida à hemorragia no pós-parto e nos abortamentos, aos transtornos hipertensivos associados à gravidez e à infecção puerperal.
A redução da morbimortalidade materna tem sido largamente buscada, mas apesar dos esforços envidados, os resultados seguem sendo insuficientes.
Neste sentido, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), em conjunto com o Ministério da Saúde (MS), apresenta a estratégia Zero Morte Materna por Hemorragia (0MMxH) como um esforço coletivo de gestores e profissionais de saúde para a prevenção e o manejo da hemorragia obstétrica.
Este manual tem como objetivo definir uma proposta metodológica para as oficinas vinculadas a esta estratégia, descrevendo a infraestrutura e os recursos sugeridos para as atividades teóricas e de treinamento de habilidades e simulação prática. Além disso, apresenta recomendações para inserção do traje antichoque não pneumático (TAN) nas rotinas dos serviços de saúde.
O TAN é uma nova tecnologia de tratamento da hemorragia obstétrica que vem sendo introduzido no país pelo MS em cooperação com a OPAS/OMS, que permite um controle transitório do sangramento, ampliando a sobrevida das mulheres enquanto se aguarda um procedimento ou a transferência a uma unidade de referência.
Com este manual, a organização convida gestores e equipes multiprofissionais de saúde, para juntos intensificarem as ações de prevenção e manejo das hemorragias obstétricas, contribuindo, assim, para a redução da mortalidade materna no Brasil e nas Américas e a meta de não deixar ninguém para trás.
Disponível Em: <https://iris.paho.org/>