Brasil. Ministério da saúde. secretaria de Vigilância em saúde. departamento de Vigilância das doenças transmissíveis. Manual de Recomendações para o controle da tuberculose no Brasil / Ministério da saúde, secretaria de Vigilância em saúde, departamento de Vigilância das doenças transmissíveis. – Brasília: Ministério da saúde, 2019.
Nas últimas décadas, desde a reemergência da tuberculose (tb) no mundo, o ano de 2015 tornou-se um novo marco na história dessa doença, quando a organização Mundial da saúde (o Ms) propôs acabar com a tb como um problema de saúde pública.
O recrudescimento da tuberculose em consequência da epidemia de aids e os seus efeitos devastadores nas pessoas vivendo com o HiV – dentre eles a alta letalidade e o aumento de casos de tb resistente aos medicamentos – e a concentração da tb em populações vulneráveis socialmente, levaram à priorização no combate à doença, seja em nível global ou nacional.
Pela primeira vez em décadas, surgem novidades nos campos diagnósticos e terapêuticos: testes rápidos moleculares, novos fármacos desenvolvidos especificamente para o tratamento da tb, inúmeras vacinas preventivas e terapêuticas em fase de desenvolvimento, novos regimes encurtados sendo testados em ensaios clínicos multicêntricos, enfim, em um cenário sempre tão carente de novidades, começa a florescer a esperança.
Nesse contexto, o Brasil tem um papel extremamente relevante. na assembleia Mundial da saúde do ano de 2014, na sede da oMs em Genebra, o país foi o principal proponente de uma nova estratégia global de combate à doença, chamada de estratégia Fim da tuberculose (End TB Strategy). a proposta foi aprovada por unanimidade pelos países membros das nações unidas e tem como visão um mundo livre da tuberculose até o ano de 2035.
A nova estratégia, além de metas extremamente ousadas, traz o enfrentamento dos determinantes sociais e a inovação como base de seus três pilares. a inovação está presente na atenção centrada nos pacientes, no estímulo crescente à pesquisa e à adoção de novas tecnologias e na introdução de um novo componente capaz de potencializar o efeito das demais medidas: a utilização da proteção social como ferramenta de apoio aos pacientes e às comunidades afetadas. passa-se, efetivamente, a encarar a tuberculose como um fenômeno multicausal que extrapola o campo biomédico.
O Brasil vem buscando nas articulações intersetoriais a resposta para a epidemia concentrada que temos em algumas populações, especialmente na população indígena, na população privada de liberdade, nas pessoas em situação de rua, nas pessoas vivendo com o HiV e naqueles vivendo em situação de extrema pobreza, todos com riscos aumentados de desenvolver a doença.
A nova estratégia global reforça e recomenda a busca pela articulação com outros setores, a priorização das populações mais vulneráveis, o apoio da sociedade civil e dos segmentos organizados da sociedade, dentre eles os legisladores de todos os níveis e os demais formuladores de políticas públicas sociais e de saúde, pois o esforço de eliminação requer trabalho e investimentos acrescidos, a exemplo de outros agravos que a humanidade conseguiu eliminar ou erradicar, como a peste e a varíola.
O Brasil, por meio do Ministério da saúde, assume sua responsabilidade nesse novo cenário e, além de todas as medidas necessárias no campo das articulações intra e intersetoriais, revisa e relança este Manual com as informações mais atualizadas para instrumentalizar gestores, profissionais de saúde e demais segmentos da sociedade engajados na luta contra a tuberculose, no enfrentamento do mais novo e estimulante desafio colocado para todos nós: eliminar a doença como um problema de saúde pública no país.
Disponível Em: <http://bvsms.saude.gov.br/>