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Nota Técnica Nº 16/2020-CGPNI/DEIDT/SVS/MS

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Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis. Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações. Orientações sobre a notificação da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), temporalmente associada à COVID-19.

Em 26 de abril de 2020, o Sistema Nacional de Saúde Inglês (NHS) lançou alerta relatando a identificação de uma nova apresentação clínica em crianças previamente saudáveis, possivelmente associada com a COVID-191. Trata-se de uma síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) grave com características semelhantes às observadas na síndrome de Kawasaki, Kawasaki incompleta e/ou síndrome do choque tóxico. Após o alerta inglês, diversos países na Europa e na América do Norte também reportaram casos identificados em crianças e adolescentes, dentre esses Espanha, França, Itália, Canadá e Estados Unidos. Até o momento, mais de 300 casos suspeitos e cinco óbitos foram notificados no mundo.

O espectro clínico completo da SIM-P ainda é desconhecido. Os relatos de casos disponíveis na literatura descrevem manifestações sindrômicas caracterizadas por febre persistente acompanhada de um conjunto de sintomas que podem incluir hipotensão, comprometimento de múltiplos órgãos e elevados marcadores inflamatórios. Os sintomas respiratórios não são presentes em todos os casos. A maioria dos casos relatados apresentam exames laboratoriais que indicam infecção atual ou recente pelo SARS-CoV-2 (por biologia molecular ou sorologia) ou vínculo epidemiológico com caso confirmado de COVID-19. Tal achado sustenta a hipótese de associação entre a SIM-P e a COVID-19, porém esta relação causal ainda não foi estabelecida e permanece em investigação.

No final da semana epidemiológica 20, autoridades sanitárias internacionais como o Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicaram alertas sobre a SIM-P recomendando a notificação de casos suspeitos. As publicações enfatizam que, embora, até o momento, as crianças sejam menos afetadas pela COVID-19 e que os casos de SIM-P sejam raros, existe uma necessidade urgente de coleta de dados padronizados que descrevam aspectos desconhecidos da mesma e colaborem para confirmar a associação com a COVID-19. A avaliação de risco publicada pelo CDC europeu destaca ainda que os casos conhecidos na Europa foram reportados na fase decrescente da epidemia de COVID-19, alertando para que mais casos possam ser identificados conforme os países entrem nesta fase e mais alertas sobre a SIM-P sejam realizados.

No Brasil, o alerta emitido em 20 de maio de 2020 pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) chama atenção da comunidade pediátrica para a identificação precoce da SIM-P no País e orienta quanto ao manejo clínico dos casos.

Em caráter de continuidade, a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde implanta no Brasil, por meio desta nota técnica, a notificação da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), temporalmente associada à COVID-19, e orienta os serviços de saúde, bem como as Secretarias Municipais, Estaduais e Distrital de Saúde quanto à notificação de casos. A implantação desta notificação justifica-se visto que os fatores de risco, a patogênese, o espectro clínico, o prognóstico e a epidemiologia da SIM-P são pouco conhecidos e por se tratar de uma doença emergente potencialmente associada à COVID-19.

Anexo A

Anexo B

Disponível Em: <https://saude.gov.br/>