Brasil. Ministério da Saúde. NutriSUS: caderno de orientações : estratégia de fortificação da alimentação infantil com micronutrientes(vitaminas e minerais) em pó / Ministério da Saúde, Ministério da Educação. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015.
Os primeiros anos de vida configuram-se em um período de intenso crescimento e desenvolvimento, sendo, portanto, uma fase dependente de vários estímulos para garantir que as crianças se relacionem com a vida de modo saudável.
As práticas alimentares inadequadas nos primeiros anos de vida estão intimamente relacionadas à morbimortalidade de crianças, representada por doenças infecciosas, afecções respiratórias, cárie dental, desnutrição, excesso de peso e carências específicas de micronutrientes como ferro, zinco e vitamina A (WHO, 2011).
Estima-se que um quarto da população mundial tenha anemia, sendo considerada um grave problema de saúde pública, e considerada a deficiência nutricional de maior magnitude no Brasil. Entre os grupos mais susceptíveis para os efeitos prejudiciais da deficiência nutricional, estão as crianças menores de 2 anos, devido ao alto requerimento de ferro para o crescimento, que dificilmente será atingido somente pela alimentação. A deficiência de ferro é a principal causa da anemia em crianças, sendo que a deficiência de outros micronutrientes prejudica o metabolismo do ferro (WHO, 2001).
Por isso, o Ministério da Saúde recomenda uma série de ações voltadas para a prevenção e o controle da anemia, tais como: incentivo à amamentação exclusiva até o sexto mês de vida e a promoção da alimentação complementar saudável, e em tempo oportuno, por meio da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil; a suplementação profilática com ferro para crianças de 6 a 24 meses de idade, gestantes e mulheres no pós-parto, por meio do Programa Nacional de Suplementação de Ferro e a fortificação das farinhas de trigo e de milho com ferro e ácido fólico, ação definida pela Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa (RDC) nº 344, de 13 de dezembro de 2002 (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002).
A partir da prioridade de cuidado integral de crianças de 0 a 6 anos, o Ministério da Saúde lançou a Estratégia de fortificação da alimentação infantil com micronutrientes (vitaminas e minerais) em pó – NutriSUS, que consiste na adição direta de nutrientes em pó aos alimentos. Essa estratégia visa potencializar o pleno desenvolvimento infantil, a prevenção e o controle das deficiências de vitaminas e minerais na infância.
A fortificação com micronutrientes em pó é conhecida internacionalmente como Home Fortification ou fortificação caseira. Atualmente, existem diversas evidências acerca do impacto dessa intervenção. Revisão sistemática e metanálise sobre fortificação caseira sugerem que ela é tão efetiva como a suplementação com ferro no tratamento da anemia; no entanto, a fortificação caseira tem melhor aceitação em função dos reduzidos efeitos colaterais, recomendando-a para a prevenção e o tratamento da anemia leve ou moderada. O estudo também mostrou que a fortificação caseira é efetiva na prevenção da deficiência de ferro e na anemia ferropriva, estimando-se a redução desses distúrbios pela metade. Há evidências de impacto no desenvolvimento infantil e na ocorrência de morbidades (DEWEY; YANG; BOY, 2009). Outra revisão, conduzida pela Cochrane, mostrou que o uso dessa estratégia reduz, no período de um ano, a deficiência de ferro em 51% e de anemia em 31%, quando comparadas às crianças que receberam placebo ou não receberam intervenções (DE-REGIL et al., 2011).
Devido ao tempo que as crianças permanecem na escola, realizando refeições e estabelecendo uma rotina, a estratégia será implantada em creches participantes do Programa Saúde na Escola (PSE), potencializando a capacidade da escola, abrangendo crianças a partir dos 6 meses de idade.
Vale destacar que, especificamente no ambiente escolar, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), gerenciado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), tem como objetivo principal contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e para a formação de hábitos alimentares saudáveis dos estudantes. Para atendimento da educação infantil nas creches, o FNDE repassa atualmente o valor per capita de R$ 1,00, por dia, e a regulamentação do Programa estabelece o atendimento de 70% das necessidades nutricionais para os alunos que permanecem em período integral.
Este Caderno tem como objetivo orientar e apoiar os profissionais da Educação na operacionalização dessa estratégia.
Disponível Em: <http://bvsms.saude.gov.br/>