Sociedade Brasileira de Imunização, Sociedade Brasileira de Pediatria e UNICEF. Pandemia da Covid-19 – O que Muda na Rotina das Imunizações.
Interromper a vacinação rotineira, em especial de crianças menores de 5 anos, gestantes e outros grupos de risco, bem como as estratégias de seguimento e contenção de surtos (sarampo e febre amarela, por exemplo), pode levar ao aumento de casos de doenças imunopreveníveis e ao retrocesso nas conquistas. No curto, médio e longo prazo, as consequências dessa perda para as crianças podem ser mais graves do que as causadas pela pandemia de COVID-19.
Quando os sistemas de saúde estão sobrecarregados, aumentam de forma significativa tanto a mortalidade direta causada pela pandemia, como a mortalidade indireta causada pelas doenças imunopreveníveis e tratáveis.
Devido à COVID-19, mais de 117 milhões de crianças de 37 países podem deixar de receber a vacina que protege do sarampo, alertam o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), a OMS (Organização Mundial da Saúde), entre outras instituições. Campanhas de vacinação contra o sarampo já foram adiadas em 24 países, o que representa um risco ainda maior de continuidade dos surtos
A Iniciativa contra o Sarampo e a Rubéola (M&RI) destaca a importância de se proteger as comunidades e os profissionais de saúde da COVID-19. Mas alerta que esforços urgentes devem ser empreendidos o mais rápido possível nos níveis local, regional, nacional e global para garantir que as vacinas estejam disponíveis e que atinjam crianças e populações vulneráveis, de modo a fechar as lacunas de imunidade que o vírus do sarampo pode explorar.
Até maio de 2020, 19 estados brasileiros registravam circulação ativa do vírus do sarampo, destacando-se o Pará, que concentra 40,9% dos casos confirmados e a maior incidência dentre as Unidades da Federação (23,1/100.000 habitantes). No país, a faixa etária de 20 a 29 anos apresenta o maior número de casos confirmados, no entanto, a maior taxa de incidência está entre os menores de 5 anos (13,1/100.000 habitantes), especialmente no primeiro ano de vida.
Segundo a OMS, em 2018, o sarampo – doença imunoprevenível e altamente contagiosa – infectou quase 10 milhões de pessoas e ma-tou mais de 140 mil em todo o mundo, a maioria crianças menores de 5 anos.
A febre amarela também preocupa. Até maio de 2020, 56 municípios estavam afetados pela doença, distribuídos nos estados do Paraná (38), São Paulo (4), Santa Catarina (13) e Pará (1), além de 153 municípios ampliados (circunvizinhos) localizados nos estados do Paraná (68), São Paulo (37), Santa Catarina (38) e Pará (10) ─ todos incluídos na estratégia de intensificação da vacinação do Ministério da Saúde em área de risco.
No início de junho de 2020, a COVID-19 já era responsável pela morte de mais de 386 mil pessoas em todo o mundo. Uma onda de surtos de sarampo, desencadeada no rastro da pandemia, pode representar outra grande ameaça à saúde global.
A disseminação do novo coronavírus e a rápida expansão da COVID-19 em todo o mundo impõem a necessidade de distanciamento social e de confinamento. Portanto, estas e outras medidas com o objetivo de limitar a transmissão do vírus devem ser consideradas na definição de estratégias seguras que possibilitem manter a vacinação de rotina.
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