BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes de Atenção à Gestante: a operação cesariana. Brasília, DF, mar 2016.
O momento do nascimento suscita questões sobre o processo do parto e via de parto, autonomia da gestante na escolha do modo de nascimento do filho e estratégias de saúde aplicáveis para a redução de morbidade e mortalidade materna e infantil. A taxa de operação cesariana no Brasil situa-se em torno de 56%, com ampla variação entre os serviços públicos e privados. Estudos recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) sugerem que taxas populacionais de operação cesariana superiores a 10% não contribuem para a redução da mortalidade materna, perinatal ou neonatal. Considerando as características da nossa população, que apresenta entre outros distintivos um elevado número de operações cesarianas anteriores, a taxa de referência ajustada para a população brasileira gerada a partir do instrumento desenvolvido para este fim pela OMS estaria entre 25%-30%. Como as indicações de operação cesariana têm despertado divergência de opiniões no País, propõem-se estas Diretrizes para orientar profissionais da saúde e a população em geral sobre as melhores práticas relacionadas ao tema baseadas nas evidências científicas existentes. Por iniciativa do Ministério da Saúde, e contando com a participação de um grande grupo consultivo, 72 questões sobre operação cesariana foram discutidas e elaboradas com a finalidade de nortear estas Diretrizes. Utilizando uma metodologia de adaptação de diretrizes clínicas (ADAPTE), um conjunto de diretrizes sobre a operação cesariana foi avaliado do ponto de vista metodológico (AGREE II) e duas diretrizes foram selecionadas para adaptação ao contexto brasileiro: 1) “CaesareanSection”, elaboradas pelo NICE (The NationalInstitute for Health and Care Excellence/United Kingdom Department of Health, publicadas em 2011 e atualizadas em 2013) e 2) as diretrizes de assistência ao parto para mulheres com operações cesarianas prévias do Colégio Francês de Ginecologistas e Obstetras- CNGOF (publicadas em 2013). As evidências científicas relevantes a cada pergunta ou conjunto de perguntas foram resumidas e classificadas. As recomendações dessas diretrizes foram discutidas por especialistas e representantes da sociedade civil brasileira, além de técnicos e consultores do Ministério da Saúde. Informações adicionais sobre as evidências referidas nestas Diretrizes podem ser encontradas nas versões ampliadas das diretrizes utilizadas para a adaptação (NICE, 2013 e CNGOF, 2013)…