Sistematizamos as principais questões abordadas no Encontro com a Especialista Hanna Diniz, médica pediatra, membro do Departamento Científico de Emergências Pediátricas da SOPERJ e professora do Departamento de Pediatria do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE/UERJ), transmitido em 12/12/2023.
Veja também: Postagem sobre o tema
A febre representa uma das queixas mais frequentes entre todos os atendimentos pediátricos (Sociedade Brasileira de Pediatria, 2021). É um sintoma comum e motivo de muita preocupação para os pais. Estima-se que seja o sintoma presente em pelo menos de 20 a 30% dos atendimentos na pediatria.
A febre é uma resposta fisiológica do nosso corpo após a ativação dos pirógenos endógenos por patógenos ativarem o nosso sistema imunológico e aumentar a nossa temperatura. Vantagens da febre:
Definição de febre: no Brasil utiliza-se principalmente a temperatura axilar, maior que 37,7ºC, extremidades frias, ausência de sudorese, sensação de frio e eventualmente tremores (calafrios), taquicardia e taquipneia.
Recomendação de antitérmico: quando há febre associada a desconforto evidente como: choro intenso, irritabilidade, redução da atividade, diminuição do apetite, distúrbio do sono.
Febre sem foco:
Na Emergência
Atenção: tempo de febre não é um bom preditor de uma doença bacteriana.
Avaliação inicial
Primeiro passo: caso a criança apresente alguma comorbidade (imunodeficiência, anemia falciforme, neoplasia, desnutrição, doença cardíaca congênita), deve ser internada para a realização de exames laboratoriais e tratamento com antibioticoterapia intravenosa até descartar a possibilidade de bacteremia. Crianças com comorbidades apresentam maior risco para a bacteremia oculta.
Segundo passo: a criança está nitidamente doente? Toxêmica? Buscar por sinais de doença grave: prostração intensa, irritabilidade ou letargia, pele acinzentada e má perfusão – MAIOR PROBABILIDADE DE BACTEREMIA.
Na presença de toxemia: indicada a internação para realização de exames laboratoriais e tratamento com antibioticoterapia até descartar possibilidade de bacteremia.
Terceiro passo: caso a criança esteja em bom estado geral deve-se estratificar conforme a idade.
Neonatos
Neonatos: difícil diferenciação entre infecção bacteriana grave e doença viral autolimitada. Respostas imunes imaturas. Atenção: 7% dos recém-nascidos que têm febre e não parecem doentes possuem infecção bacteriana grave. Há indicação de internação para essa faixa etária e início de tratamento empírico até a saída dos exames laboratoriais e de imagem solicitados. Principais infecções para essa faixa etária: Bacteremia oculta, Meningite, Pneumonia e Infecções do Trato Urinário.
Internação:
Tratamento:
Infecções bacterianas graves:
Crianças de 1 a 3 meses
Na faixa etária de 1 a 3 meses há uma transição imunológica. A criança nessa idade tem apenas uma dose da vacina com o pneumococo e HIB. É fundamental uma boa anamnese e exame físico. As principais infecções bacterianas para essa idade são: Pielonefrite, Otite média aguda, Pneumonia, Mastite, Infecções de pele.
Infecções Bacterianas Graves:
Crianças de 3 a 36 meses
População com vacinação completa HIB e pneumococo, o que diminui, consideravelmente, a prevalência de bacteremia oculta. O risco de bacteremia aumenta de forma diretamente proporcional ao aumento da temperatura corporal. É fundamental avaliar a condição vacinal do paciente a depender de como está o esquema vacinal da criança e do perfil de febre, solicita-se exames laboratoriais e inicia-se ou não antibioticoterapia. As principais infecções nessa faixa etária são: Infecção do Trato Urinário, Otite média aguda, Pneumonia, Enterite, Meningite, Osteomielite.
Infecções Bacterianas Graves:
Atenção: febre é um sinal e não uma doença. É dever dos profissionais de saúde combater a febrefobia, mas de modo empático, entendendo a ansiedade dos pais e a busca por uma solução rápida, que em muitos casos não é a mais segura e eficaz, devendo ficar claro que febre é um sinal e não uma doença!
Abaixo, a gravação do Encontro na íntegra.
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Perguntas & Respostas
Como citar
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Postagens: Principais Questões sobre Abordagem da Febre na Emergência Pediátrica. Rio de Janeiro, 30 nov. 2024. Disponível em: <https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-crianca/principais-questoes-sobre-abordagem-da-febre-na-emergencia-pediatrica/>.