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Principais Questões sobre Anafilaxia na Infância: apresentação clínica e manejo

7 mar 2023

Sistematizamos as principais questões abordadas durante Encontro com os Especialistas Flávia Anísio de Carvalho, médica alergista e imunologista do IFF/Fiocruz, e Herberto Chong Neto, médico, presidente do Departamento de Alergia e Imunologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), realizado em 06/09/2022.

Anafilaxia é uma reação grave, aguda, quase sempre de causa alérgica que requer pronto reconhecimento e tratamento do quadro clínico a fim de se preservar a permeabilidade das vias respiratórias, manter a pressão sanguínea e a oxigenação.

Principais sintomas: diminuição da pressão arterial e aumento da frequência cardíaca, podendo levar ao edema de glote, se não tratada adequadamente.

Tem-se duas situações no processo de anafilaxia:

  1. Quando não se sabe sobre o agente causador: reação em minutos ou horas, após o contato com o agente causador + envolvimento de pele e mucosa (urticária, vermelhidão, prurido, edema em lábios, língua ou úvula) associado a pelo menos uma das seguintes manifestações: manifestações respiratórias (falta de ar, chiado e tosse) e/ou queda da pressão arterial (desmaios, falta de controle da urina) e/ou sintomas gastrointestinais graves (cólicas abdominais intensas, vômitos repetidos).
  2. Quando se sabe qual o agente causador: reação em minutos ou horas (após exposição a uma alérgeno provável), associado a uma das seguintes manifestações: queda de pressão OU broncoespasmo (falta de ar/chiado no peito) OU edema de laringe, mesmo sem sintomas na pele deve ser classificado como anafilaxia.

Após realizar o diagnóstico, o tratamento deve ser feito com o uso da ADRENALINA (epinefrina), intramuscular (IM), no vasto lateral da coxa da criança. Casos fatais de anafilaxia podem estar relacionados à não utilização da ADRENALINA.

Atenção:

  • a ADRENALINA é o principal tratamento. Outras medidas podem ser adotadas para complementar sua ação, mas o tratamento com ADRENALINA não deve ser substituído.
  • pessoas com história de anafilaxia devem, idealmente, ter um cartão de identificação com os agentes alérgenos e o plano de ação descrito para ser executado em uma situação de anafilaxia.

Para pessoas com alergias conhecidas e com risco de anafilaxia, recomenda-se:

  • Paciente e familiares devem ter a prescrição de ADRENALINA para uso imediato (autoinjetável ou injetada por terceiros);
  • Deitar o paciente com as pernas elevadas e manter a calma;
  • Como complementação, são usados os corticosteróides e anti-histamínicos, mas não como substitutos da ADRENALINA;
  • Procurar o serviço de emergência mais próximo ou solicitar ambulância ou solicitar SAMU 192;
  • Acompanhamento médico com alergista ou imunologista;

Os profissionais de saúde devem orientar o paciente e seus familiares sobre medidas profiláticas.

Atenção:

  • A anafilaxia é um quadro grave que precisa ser reconhecido rapidamente para que a intervenção seja feita de forma oportuna, para que se tenha um bom desfecho.
  • Não necessariamente a anafilaxia vem associada a manifestações na pele. Assim, pode-se ter uma situação de anafilaxia sem o envolvimento de pele e mucosa (urticária, vermelhidão, prurido, edema em lábios, língua ou úvula).
  • A ADRENALINA é o primeiro tratamento, enquanto os corticóides e anti-histamínicos são complementares (são drogas de segunda linha que podem ser usadas posteriormente ao uso da adrenalina). A Adrenalina é o medicamento que vai impedir a evolução do quadro mais grave e evitar a morte.
  • Não existem evidências de que os corticóides sejam capazes de prevenir 100% das reações bifásicas, mas podem ser importantes para diminuir a gravidade da “segunda onda”, uma vez que a reação anafilática pode acontecer em um segundo momento, horas depois da primeira reação.
  • O tratamento ideal da anafilaxia não se limita apenas à aplicação da ADRENALINA, apesar dela ser muito importante. É necessário realizar avaliações posteriores devido à possíveis reações bifásicas, por exemplo.
  • No que diz respeito ao uso seguro da ADRENALINA e eventos cardiovasculares, o que se orienta é a avaliação risco X benefício frente a uma reação anafilática, visto que a adrenalina é o tratamento mais seguro e essencial diante de um quadro anafilático.

 Abaixo, gravação do Encontro na íntegra:

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Perguntas & Respostas

 

Referências:

  • Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Departamento Científico de Alergia. Guia Prático de Atualização 2021.
  • Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Anafilaxia: o que você precisa saber. 2021. Recife – PE.
  • Cardona V, Ansotegui IJ, Ebisawa M, El-Gamal Y, Fernandez Rivas M, Fineman S, Geller M, Gonzalez-Estrada A, Greenberger PA, Sanchez Borges M, Senna G, Sheikh A, Tanno LK, Thong BY, Turner PJ, Worm M. World allergy organization anaphylaxis guidance 2020. World Allergy Organ J. 2020 Oct 30;13(10):100472. doi: 10.1016/j.waojou.2020.100472. PMID: 33204386; PMCID: PMC7607509.

 

Como citar

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Postagens: Principais Questões sobre Anafilaxia na Infância: apresentação clínica e manejo. Rio de Janeiro, 07 mar. 2023. Disponível em: <https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-crianca/principais-questoes-sobre-anafilaxia-na-infancia-apresentacao-clinica-e-manejo/>.

Tags: Emergências Pediátricas, Posts Principais Questões