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Principais Questões sobre Detecção Precoce do Câncer Infantil

8 dez 2022

Sistematizamos as principais questões abordadas durante Encontro com as Especialistas Sima Ferman, Chefe da Oncologia Pediátrica do INCA, e Laurenice Pires, Especialista em Gestão da Atenção à Saúde do Instituto Desiderata, realizado em 19/11/2019.

Veja também: Postagem sobre o tema

O câncer é um importante problema de Saúde Pública e é a segunda causa de morte em crianças e adolescentes, estando atrás somente das mortes por causas externas. O maior desafio atualmente é aumentar as taxas de cura nessa população.

Ao longo dos anos, obteve-se uma melhora significativa na cura do câncer pediátrico, sendo que 80% das crianças com câncer nos países desenvolvidos alcançam a cura. Essa porcentagem é de apenas 50% nos países em desenvolvimento.

No mundo, mais de 200.000 crianças são diagnosticadas com câncer. Há desigualdades na taxa de cura, visto que nos países de baixa renda a taxa de cura é menor que nos países mais ricos.

Atenção para aspectos importantes do câncer pediátrico: 

  • a maioria dos casos é curável
  • cura significa adicionar muitos anos de vida
  • a cura não é o único objetivo – sobreviventes devem ser integrados à sociedade e ter vida produtiva
  • O cuidado multidisciplinar e especializado é fundamental para o sucesso do tratamento

Atualmente, evita-se cirurgias mutilantes. Utiliza-se inicialmente a quimioterapia multimodal. Houve melhoras nas técnicas cirúrgicas e a radioterapia é cada vez menos usada. O transplante de medula óssea é utilizado somente nos casos sem resposta à quimioterapia, por exemplo.

Nos países em desenvolvimento, são desafios importantes para o cuidado ao câncer infantojuvenil o diagnóstico tardio, o abandono do tratamento, o efeito da pobreza na adesão e na toxicidade e as comorbidades, como a desnutrição por exemplo.

Os recursos limitados na Saúde Pública, seja de estrutura, recursos humanos, condições de saúde, cultura, tradições e crenças acerca do câncer na população infantil são dificultadores para o diagnóstico precoce e tratamento adequado do câncer infantil.

Dentre todas as estratégias que devem ser utilizadas para que a cura do câncer infanto-juvenil ocorra,  o diagnóstico precoce é essencial.

A Atenção Primária à Saúde é fundamental em diferentes fases/etapas do tratamento, para:

  • auxiliar no diagnóstico inicial
  • apoio durante o tratamento oncológico
  • após o término do tratamento e o com a doença controlada
  • nos cuidados paliativos e nos cuidados do fim de vida

Muitas crianças chegam aos centros especializados para tratamento de câncer em estágio avançado. Isso ocorre porque muitos sinais e sintomas são inespecíficos e por isso confundidos com outras patologias.

Atenção para as situações que fogem do habitual. O seguimento do caso deve se manter até que se tenha o esclarecimento ou o encaminhamento para outra avaliação. Os sintomas persistentes merecem atenção.

Sinais de alerta: 

  • febre persistente por mais de 07 dias, sem causa aparente
  • dor óssea que aumenta progressivamente (dura mais de 01 mês e prejudica as atividades diárias da criança)
  • petéquias
  • equimose
  • palidez
  • leucocoria
  • estrabismo
  • proptose
  • linfonodos aumentados
  • cefaléia persistente e progressiva e inicialmente noturna, acompanhada de vômitos e sinais neurológicos. 
  • sinais neurológicos focais e agudos
  • distúrbios visuais
  • massas abdominais e/ou massa em qualquer região do corpo (especialmente sem sinais inflamatórios)

Todos os sinais e sintomas expostos podem acontecer sem que necessariamente haja um quadro de câncer, mas na presença desses sinais é importante fazer uma investigação cuidadosa.

Outros sintomas: perda de apetite, perda de peso e fadiga há pelo menos 3 meses, sudorese noturna, palidez leve, adenomegalia dolorosa não endurecida, aumento em qualquer região do corpo com inflamação.

Motivos para o retardo no diagnóstico do câncer: não foi investigado ou encaminhado para investigação; foi investigado, mas não diagnosticado; foi diagnosticado incorretamente; diagnóstico positivo não foi comunicado ao médico para tomar providências; após o diagnóstico o tratamento foi inapropriado.

O diagnóstico tardio traz como consequências um tratamento mais agressivo e com menor chance de cura, mais sequelas, compressões mecânicas em estruturas vitais, disfunções orgânicas pelo tumor, por exemplo: cegueira, paraplegia, pneumonias etc.

 

Ações que podem contribuir com o diagnóstico precoce

  • Atuação efetiva da Atenção Primária à Saúde na promoção da saúde, acompanhamento, detecção e vigilância
  • Estratégias de divulgação de informação para profissionais e população (território adscrito)
  • Treinamento e atualizações para os profissionais qualificarem a sua assistência
  • Articulação entre Atenção Primária à Saúde e Ambulatorial Especializada (Atenção Secundária)

 

Recomendações para um caso suspeito

  • valorizar as observações e preocupações dos pais e cuidadores
  • estar disponível para reavaliar a criança/adolecente sempre que necessário
  • interagir com o oncologista pediátrico
  • decidir qual criança necessitará de investigação diagnóstica, encaminhá-la e orientar adequadamente os pais

 

Perguntas & Respostas

 

Como citar

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Postagens: Principais Questões sobre Detecção Precoce do Câncer Infantil. Rio de Janeiro, 08 nov. 2022. Disponível em: <https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-crianca/principais-questoes-sobre-deteccao-precoce-do-cancer-infantil/>.

Tags: Câncer Infantil