Sistematizamos as principais questões abordadas durante Encontro com as Especialistas Janini Ginani e Ana Paula Cruz Caramaschi, da Equipe da Coordenação de Saúde da Criança e Aleitamento Materno (COCAM), do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas (DAPES), da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), Ministério da Saúde (MS), realizado em 30/07/2019.
Eixos da PNAISC:
Abaixo a gravação do Encontro na íntegra.
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Perguntas & Respostas
1. Quais estratégias os municípios devem adotar para alcançar as diretrizes da PNAISC?
A PNAISC traz ações específicas relacionadas à implementação de cada um dos seus eixos. Por exemplo, no eixo 1 – Atenção Humanizada à Gestação, Parto e Nascimento – está previsto o Método Canguru, a organização dos leitos neonatais, a interação desse eixo com a Rede Cegonha. Já para a Atenção Primária, toda a rede para diagnóstico de sífilis e HIV. No eixo 2 – Aleitamento Materno – há iniciativas como Mulher Trabalhadora que Amamenta, Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), entre outras. Há 28 propostas elencadas na PNAISC que podem ser desenvolvidas nos territórios.
O Ministério da Saúde acompanha e avalia como essas ações estão se dando nos Estados e como a implementação da PNAISC tem se dado. Alguns eixos precisam de fato ser mais trabalhados, já que implicam maior dificuldade de articulação com outros setores. Esse é o caso do eixo 5, que tem como ação principal as linhas de cuidado para as crianças em situação de violência, por exemplo.
2. Como construir linhas de cuidado em um território ou município? Qual deve ser feita a oferta adequada de atenção em cada nível na atenção para que as mesmas sejam acessíveis?
As linhas de cuidado devem ser construídas principalmente com enfoque na criança e qual itinerário terapêutico que ela vai percorrer ao longo da atenção primária, na articulação com a média e alta complexidade.
A planificação da atenção à saúde deve levar em conta a questão da mortalidade infantil a partir do fortalecimento e do desenvolvimento dessas linhas de cuidado nos territórios. Esse desenho de linhas de cuidado deve ser realizado a partir de um itinerário terapêutico aprimorado, pensando no fluxo como contínuo e acompanhado pela Atenção Primária. Se ocorre algum problema de acesso, este fluxo deve ser redesenhado a partir da perspectiva do usuário, no caso, da criança.
3. Qual a importância da Política de Saúde da Criança (PNAISC) começar com o primeiro eixo: cuidado à gestante e ao nascimento?
A saúde da criança se inicia no planejamento reprodutivo, no momento em que a mulher e o homem decidem ou não ter um filho, a partir do pré-natal e de toda a organização do desejo de se ter ou não um filho, analisando qual é a situação da mulher, se a gestação foi desejada ou a partir de uma situação de violência, por exemplo.
Não se pode começar a falar da saúde da criança sem ser por esse eixo. É fundamental discutir a saúde da mulher, a saúde do homem e a organização de território, que começa pela atenção primária e segue com a média e alta complexidade, passando pela atenção hospitalar e retornando atenção primária. É importante sempre ter essa discussão sobre a integração das linhas de cuidado e da rede integrada.
4. Quais as principais prioridades para chegar aos objetivos de desenvolvimento sustentável?
Para a atingir os objetivos do desenvolvimento sustentável da saúde da criança, deve-se considerar a análise das principais causas de mortalidade desse grupo. O que se observa é que o componente neonatal precoce é bastante expressivo na mortalidade infantil e, em termos de indicadores, as principais causas estão relacionadas principalmente à prematuridade, já que as crianças nascem extremamente prematuras. As causas perinatais e infecções no período perinatal são as principais questões que acometem essas crianças. Isso demanda uma organização do processo de cuidado, desde a gestação até a atenção qualificada no momento do parto e nascimento.
A meta proposta é de reduzir a mortalidade neonatal de 9,4 para 5,3/1.000 nascidos vivos e a taxa de mortalidade na infância para 8,3/1.000 nascidos vivos. Para isso, é necessário promover ações específicas em algumas regiões do país que ainda não alcançaram os indicadores de mortalidade preconizados.
Nesse contexto é importante destacar há uma agenda de compromissos permanente com foco no alcance dos objetivos de desenvolvimento sustentável, tanto para a redução da mortalidade materna quanto da mortalidade na infância e neonatal. Essas ações são construídas diretamente entre o Ministério da Saúde com os Estados, Municípios e Sociedade Civil.
Algumas iniciativas e ações preconizadas pelas PNAISC que já se mostraram efetivas na redução da mortalidade infantil, devem ser incentivadas. Esse é o caso do aleitamento materno, da melhoria da qualidade da assistência perinatal, do planejamento reprodutivo, do desenvolvimento integral da infância com uso da Caderneta da Criança como instrumento educativo para aumentar o conhecimento dos pais com a criança, etc. É importante a elaboração de um plano, pensando no contexto local, de como essas ações serão conduzidas pelo Estado e pelo Município.
5. O que os profissionais de saúde não podem esquecer no que diz respeito a PNAISC?
A principal questão que a PNAISC traz é que o cuidado é integral. Isso não pode ser esquecido pelos profissionais de saúde. Deve-se ter o foco na criança e em suas necessidades, bem como nas de suas famílias.
Os serviços devem se organizar e se articular para acolher a criança enquanto um sujeito de direitos. Isso significa ir além de melhorar os indicadores de mortalidade infantil. É preciso que elas tenham acesso à serviços de qualidade, com consultas e acompanhamento do seu crescimento e desenvolvimento. A PNAISC trata de todas as crianças do Brasil, sejam elas população vulnerável, quilombola, em situação de rua, etc. Isso vai além da situação de saúde/doença e envolve todo o seu contexto social.