Sistematizamos as principais questões abordadas durante Encontro com a Especialista Rosana Richtmann, médica infectologista do Instituto Emílio Ribas e membro do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia, realizado em 19/10/2022.
Enquanto uma única criança estiver infectada, crianças no brasil e em todos os países estarão ameaçadas de contrair a poliomielite.
A queda na cobertura vacinal no Brasil é observada desde 2015, com piora no contexto de Pandemia da COVID-19. Possíveis causas para a queda na cobertura vacinal:
É importante compreender os riscos e benefícios, assim como os possíveis eventos adversos da vacinação, a fim de trabalhar a educação em saúde e apoiar/orientar os pais e familiares. A cobertura vacinal adequada é fundamental para a segurança da população. A diminuição da cobertura vacinal põe em risco toda população, visto a possibilidade de reintrodução de determinadas bactérias/vírus.
Doenças Emergentes são as que surgem com impacto significativo sobre o ser humano, devido a sua gravidade em acometer os órgãos e seus principais sistemas e potencialmente de deixar sequelas limitadoras ou até mesmo levar à morte.
Doença Reemergentes são as que indicam mudança no comportamento epidemiológico de doenças já conhecidas que haviam sido controladas mas que voltaram a apresentar ameaças à saúde humana.
Erradicação de doenças é a redução a zero da prevalência de doenças infecciosas na população global de hospedeiros. Ex.: Varíola.
Eliminação de doenças é a redução a zero da prevalência de doenças infecciosas, mas em uma população regional ou redução da prevalência global a um valor irrisório. Ex: Poliomielite, Síndrome da rubéola congênita.
Atenção: para todas as faixas etárias, nos diferentes ciclos de vida, existe vacinação a ser administrada. É importante os profissionais estarem atentos!
Atualmente a estratégia de vacinação contra a Poliomielite é composta por três doses de vacina inativada contra a Poliomielite (VIP) + duas doses de reforço com vacina de vírus vivo atenuado (VOP).
Atenção: desde o início da década de 90 o Brasil não apresenta casos de poliomielite.
A Poliomielite afeta principalmente crianças menores de 05 anos de idade. A transmissão é por contato direto de pessoa a pessoa, pela via fecal-oral, por objetos, alimentos e água, contaminadas com fezes de pessoas infectadas, ou pela via oral-oral por meio de gotículas de secreção eliminadas pela boca.
Uma em cada 200 infecções leva a uma paralisia irreversível, geralmente afeta membros inferiores, mas de 5 % – 10% pode afetar músculos respiratórios levando a criança ao óbito.
Os casos de Poliomielite diminuíram mais de 99% nos últimos anos. Dos 350 mil casos estimados em 1988, fomos para 29 casos notificados em 2018. Enquanto houver uma criança infectada, crianças de todos os países correm o risco de contrair Poliomielite. Se a doença não for erradicada podem ocorrer até 200 mil novos casos, no mundo, a cada ano, dentro do período de uma década. Sistemas eficazes de vigilância e imunização são fundamentais para erradicar doenças infecciosas.
O Brasil recebeu certificado de eliminação da pólio em 1994. No entanto, até que a doença seja erradicada do mundo (como ocorreu com a varíola), existe o caso de um país ou continente ter importado e o vírus voltar a circular em seu território. Atualmente há 28 países no mundo com retorno de infecções pelo vírus da Poliomielite por causa da diminuição da cobertura vacinal. Paquistão e Afeganistão são dois países endêmicos para a Poliomielite. Tem-se 33 países com surtos na região do Mediterrâneo oriental, África e Europa (incluindo a Ucrânia e Israel). Haiti, Peru, República Dominicana e Venezuela são países de muito alto risco para a infecção pelo vírus da Poliomielite. Há 04 países de muito risco. Argentina, Brasil, Equador, Bolívia, Panamá e Paraguai são países de alto risco para a infecção por Poliomielite.
Atenção: no Brasil, 30% das crianças com menos de 01 ano não estão vacinadas. 40% não receberam o 1º reforço com 01 ano de idade e aos 04 anos de idade 55% das crianças não receberam a 02 dose de reforço.
Os profissionais de saúde têm importante papel e responsabilidade na adesão da população à tomada das vacinas de um modo geral. Profissionais devem estar treinados e capacitados para orientar a população com informações adequadas, seguras e baseadas em evidências científicas.
Abaixo, gravação do Encontro na íntegra:
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Como citar
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Postagens: Principais Questões sobre o que os Profissionais de Saúde precisam saber sobre Poliomielite. Rio de Janeiro, 16 mar. 2023. Disponível em: <https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-crianca/principais-questoes-sobre-o-que-os-profissionais-de-saude-precisam-saber-sobre-poliomielite/>.