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Principais Questões sobre Retomada da Cobertura Vacinal: desafios e perspectivas no Brasil

13 jun 2025

Sistematizamos as principais questões abordadas durante Encontro com os Especialistas Marcio Nehab, pediatra infectologista do IFF/Fiocruz e Silvana Neres, enfermeira, assessora do Programa de Imunizações da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS/RJ), transmitido em 17/05/2022.

Veja tambémPostagem sobre o tema em formato apresentação

 

A cobertura vacinal é um indicador importante para a análise das condições da saúde de um dado local. No Brasil, o sistema utilizado para análise de cobertura vacinal é o SI-PNI. Nesse sistema é possível verificar as vacinas realizadas nas diferentes faixas etárias e públicos (crianças, gestantes, adultos etc).

Mesmo sendo um dos mais efetivos programas de imunização do mundo e dos esforços permanentes para garantir o abastecimento das vacinas dos Calendários de Vacinação do país, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) vem enfrentando um cenário adverso para alcançar as taxas de cobertura vacinal necessárias à imunidade coletiva das vacinas que disponibiliza. 

Um dos principais fatores para as quedas de coberturas vacinais está relacionado a falta de percepção de risco de doenças imunopreviníveis pela população, mudanças de coleta de dados do PNI, carência de formação e treinamento dos profissionais, horário de funcionamento dos postos de vacinação, desabastecimentos momentâneos para alguns imunobiológico, surgimento do movimento anti vacinas e notícias falsas e a pandemia da COVID-19. 

Para analisar a cobertura vacinal de um dado imunobiológico é importante saber a dose a ser analisada, a idade que deve ser administrada e a meta de cobertura. O cálculo para cobertura vacinal é realizado da seguinte forma:

Cobertura Vacinal = (Números de doses aplicadas de determinada vacina / Total da população-alvo da vacinação a ser analisada) * 100

No que diz respeito à cobertura vacinal contra a Poliomielite, tem-se que desde 2016 a meta de 95% não é alcançada no Brasil

Sobre a cobertura vacinal da vacina Pentavalente, observa-se que a cobertura em 2019 caiu acentuadamente devido também a falta dessa vacina, com dificuldade posterior de recuperar as crianças que não fizeram essa vacina. Em 2020 e 2021 houve aumento da cobertura no Brasil, entretanto com alcance ainda abaixo da meta estabelecida que seria os 95% de cobertura. 

Com relação à vacina Meningocócica, observa-se uma queda significativa da cobertura em 2019. Tem-se ainda que desde o ano de 2016 não é alcançada a meta de cobertura de 95%.

A cobertura da vacina pneumocócica teve redução significativa na sua taxa de cobertura desde 2019. No Brasil essa queda foi significativa.

Desde 2017 o Brasil não consegue a cobertura desejada da vacina Tríplice Viral.

A cobertura da vacina contra a Hepatite A mantém-se abaixo da meta, com uma queda acentuada desde 2018. Alerta-se que assim como as demais, essa vacina é fundamental para proteção das crianças, especialmente aquelas que vivem em situação de vulnerabilidade social. 

Algumas estratégias que podem ser utilizadas para o aumento da cobertura vacinal:

  • Expansão da cobertura da Atenção Primária/Atenção Básica.
  • Credenciamento de salas de vacinação privadas (estratégia importante para incluir no cálculo de cobertura as crianças  vacinadas no setor privado de saúde).
  • Busca ativa de faltosos.
  • Cadastramento das famílias na Estratégias de Saúde da Família.
  • Uso dos meios de comunicação como forma de alcance da população (mídias digitais, redes sociais e outros meios de comunicação com alcance significativo para a população).

Questões importantes a serem ressaltadas: 

  • Checagem do cartão da criança pelos profissionais de saúde em qualquer serviços de saúde (postos de saúde, unidades ambulatoriais, hospitais). É fundamental aproveitar todas as oportunidades para orientar os familiares a comparecerem a uma sala de vacina para atualização vacinal.
  • Mudança na forma de comunicar os cuidadores sobre a importância vacinal.
  • Intervenções que apresentem aos cuidadores informações sobre vacinas através de websites e mídias sociais.
  • Educação através dos pares.
  • Comunicações via mensagens, emails e outras vias com os pais sobre a realização de vacinas pendentes (busca ativa).
  • vincular programas assistenciais à checagem de cartão vacinal da criança e do adolescente.
  • Solicitar o cartão de vacinas na matrícula das creches, escolas, universidades, pós graduação, práticas desportivas e na contratação de funcionários no trabalho. 
  • Vacinação domiciliar (Estratégia Saúde da Família).
  • Incentivos financeiros ou premiações. 
  • Redução ou descontos em planos de saúde privados nos casos de comprovação de vacinação adequada. 
  • Alguns países adotam como tática a obrigatoriedade vacinal para a frequentação no ambiente do trabalho e escolar, por exemplo.

Atenção: os problemas relacionados às baixas taxas de coberturas vacinais são o retorno das doenças imunopreveníveis, suas complicações e óbitos.

É necessário manter o controle de doenças imunopreveníveis como o Sarampo, a Poliomielite, a Gripe, o CA de colo do útero, a Meningite e todas as outras cujas vacinas são disponibilizadas gratuitamente para a população nos postos de saúde.

Para todas as estratégias de aumento de cobertura vacinal é fundamental o envolvimento da população.

Diversas estratégias baseadas em evidências existem para a recuperação das taxas dessas coberturas vacinais e o retorno da proteção individual e coletiva da população.

Cabe destacar:

O PNI oferece para toda a população vacinas de alta qualidade para combater mais de 20 tipos de doenças registradas pela ANVISA e aprovadas pela INCQS/FIOCRUZ. O programa foi responsável pela erradicação da varíola, a eliminação da poliomielite, da rubéola, da síndrome da rubéola congênita e do sarampo, que infelizmente retornou ao Brasil devido à baixa cobertura vacinal atingindo as populações suscetíveis.

Temos hoje o menor número de notificações de doenças imunopreveníveis da história da Saúde Pública.

Abaixo, a gravação do Encontro na íntegra.

Gravação na íntegra

 

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Como citar

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Postagens: Principais Questões sobre Retomada da Cobertura Vacinal: desafios e perspectivas no Brasil. Rio de Janeiro, 13 jun. 2025. Disponível em:<https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-crianca/principais-questoes-sobre-retomada-da-cobertura-vacinal>.

 

 

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