Sistematizamos as principais questões abordadas durante Encontro com os Especialistas Ana Goretti Kalume Maranhão, médica pediatra, Coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde (MS); Isabella Ballalai, médica pediatra, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM); e Márcio Nehab, pediatra infectologista do IFF/Fiocruz.
Perguntas & Respostas
1. Há alguma contra indicação para vacinação de crianças no cenário de Covid-19?
Não há nenhuma contraindicação à vacinação de crianças no cenário da pandemia de Covid-19. Se a criança estiver com Covid-19 e for vacinada isso não altera em nada sua eficácia.
Vale lembrar que é seguro e necessário sair para vacinar, mesmo nesse período, tanto crianças quanto adolescentes.
2. Como o movimento anti-vacina impacta a realidade brasileira? Como os profissionais de saúde podem atuar?
As fake news são grandes responsáveis por fomentar o movimento anti-vacina e diminuir a cobertura vacinal.
Uma pesquisa feita pela SBIM (veja na SBIM) aponta que 13% dos entrevistados deixaram de se vacinar por conta de notícias, as quais são divulgadas prioritariamente pelo whatsapp (sendo este, o campeão na divulgação das fake news). Uma outra questão é a predileção por certas vacinas, como a HPV, que é a mais abordada em fake news e pelos movimentos anti-vacina.
O Ministério da Saúde, em contrapartida, possui uma rede de comunicação responsável por vasculhar as redes a fim de descobrir as fakes news, além de um canal de WhatsApp para tirar dúvidas sobre a veracidade das notícias.
Os profissionais da saúde podem atuar desmistificando notícias falsas e ofertando aos cidadãos sites oficiais com informações verídicas e baseadas em evidências científicas.
3. Como diferenciar sintomas pós-vacinação do quadro de COVID-19?
A infecção pelo vírus da Covid-19 se manifesta por uma síndrome gripal e para caracterizar essa infecção utiliza-se o critério de manifestação de pelo menos dois sintomas, sendo: tosse, cefaléia, coriza, dores abdominais, odinofagia, ageusia e anosmia alguns dos possíveis sintomas associados.
Assim, a presença de febre sem outros sintomas associados não caracteriza Covid-19. A febre pós-vacinação é uma febre moderada, que pode durar de 24h a 48h, sem manifestação de outros sinais de alarme e que cessa com antitérmicos. É sempre importante avaliar a evolução do quadro.
4. Quais as vacinas mais importantes para os profissionais de saúde?
De acordo com as recomendações da Sociedade Brasileira de Imunizações: Tríplice Viral, Hepatite A e B, dTpa ou dT, Varicela, Influenza (gripe), Meningocócicas conjugadas ACWY/C e Meningocócica B. A disponibilidade de algumas vacinas dependerá da situação epidemiológica.
Para maiores informações acessar: https://sbim.org.br/calendarios-de-vacinacao.
5. Por que há tanta resistência à vacinação contra HPV? O que os profissionais podem falar para os pais, no sentido de apresentar evidências, para que procurem vacinar seus filhos?
A vacina contra o HPV é cercada de mitos que envolvem cultura, religião e o receio de iniciação precoce da vida sexual dos adolescentes.
Os casos ocorridos de reações psicogênicas levantaram suspeitas, apesar de terem sido prontamente investigados. Foram marcador importante para que a população não aderisse à vacinação.
As evidências sobre essa vacina, o que se pode falar é que ela é 100% eficaz, como a vacina dT, por exemplo. Os países que a usaram e conseguiram uma cobertura de pelo menos 80%, conseguiram uma diminuição considerável do câncer do colo do útero e eliminaram os casos de verrugas genitais.
Os profissionais de saúde devem se manter informados e em caso de dúvidas acionar canais oficiais para que possam passar a melhor informação para os usuários do serviço.
6. Qual cobertura vacinal é considerada ideal?
A cobertura vacinal adequada depende da doença à qual a vacina vai cobrir.
A tríplice viral, por exemplo, tem como ideal 95%.
A vacinação é a administração de um preparo biológico a fim de gerar imunidade contra uma doença, sem precisar contraí-la. Por falta de informação e acesso, muitos adolescentes não completam seu calendário vacinal.
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