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Principais Questões sobre Cuidados na Transfusão de Hemocomponentes em Pacientes Pediátricos

27 set 2023

Sistematizamos as principais questões abordadas durante Encontro com a Especialista Marcella Vasconcelos, hemoterapeuta do IFF/Fiocruz, realizado em 28/06/2022.

A transfusão de hemocomponentes deve ser utilizada de forma criteriosa, com acompanhamento e segurança. Para tanto, é fundamental a capacitação dos profissionais e a implantação de estratégias que diminuam a necessidade de transfusão.

Ciclo do Sangue 

O sangue é composto por diversos componentes que são fracionados a partir da doação de sangue total.

O processo de doação começa pela captação de doadores que passam por uma triagem que inclui entrevista com perguntas sobre a sua saúde. Realiza-se então a triagem hematológica, verificando os sinais vitais, presença de anemia e glicemia. O doador estando apto, ele passa pela coleta.

Após o sangue ser coletado ele é fracionado em concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas, plasma e crioprecipitado. Por esse motivo, uma única doação pode salvar até quatro vidas, pois cada componente pode ser transfundido para uma pessoa diferente.

Uma amostra da coleta é utilizada para testes: teste do grupo sanguíneo, teste sorológico, teste molecular. Após todos os testes o sangue é armazenado até que seja utilizado em uma transfusão. 

Após a transfusão ocorre ainda a hemovigilância: processo de vigiar o que foi transfundido e observar se há algum problema. A observação deve ocorrer a longo prazo, por esse motivo todos os registros relacionados à transfusão sanguínea ficam guardados por 2 anos, seguindo a legislação brasileira.

Cuidados na Transfusão de Hemocomponentes em Pacientes Pediátricos

  • Deve-se sempre tentar usar dois identificadores: nome completo e matrícula ou nome completo e data de nascimento, por exemplo. 
  • O transporte e biossegurança adequados da amostra são pontos fundamentais.
  • Chegando ao setor de hemoterapia, deve-se realizar os testes:
    • Tripagem ABO;
    • Tripagem RH;
    • Pesquisa de anticorpos irregulares;
    • Prova cruzada;
  • Em recém-nascidos de até 4 meses: tipagem ABO direta, realizar a pesquisa de anticorpos irregulares (PAI) na amostra inicial e, se negativa, não é necessário compatibilizar hemácias. Se o concentrado de hemácias (CH) não for O, investigar presença de anti-A e anti-B no soro ou plasma do neonato e dos bebês até 4 meses.

Antes da transfusão:

  • Checar a prescrição;
  • Saber antecedentes transfusionais;
  • Realizar avaliação clínica;
  • Checar sinais vitais antes de perfurar ou fracionar a bolsa;
  • Realizar inspeção visual da bolsa.

Inspeção do rótulo da bolsa:

  • Checar Grupo sanguíneo;
  • Checar Validade;
  • Checar Identificação (preferencialmente com dupla checagem, na dúvida entrar em contato com a Hemoterapia)

 Importante: a bolsa de sangue que será transfundida não deve permanecer mais que 30 minutos à temperatura ambiente, pois aumenta a chance de contaminação bacteriana. 

Deve-se utilizar equipo específico para a transfusão e não ultrapassar 4 horas de transfusão. Em média,  plaquetas são transfundidas em 30 minutos; plasma em 1 hora; concentrado de hemácias em 2 horas.

Não se recomenda utilizar bomba de rolete

A transfusão é iniciada com o gotejamento mais lento, para avaliar se não ocorrerá nenhuma reação ou problema. O profissional de saúde deve permanecer ao lado do paciente ao menos nos primeiros 10 min de transfusão. Após esse período inicial, e estando tudo certo, pode-se aumentar a velocidade do gotejamento.

Juntamente com a transfusão não é possível a administração de nenhum outro medicamento. A transfusão deve correr sozinha, podendo apenas correr em Y com o soro fisiológico

A bolsa não pode ser diluída e nem aquecida, exceto em situações muito específicas com equipamento próprio

É preciso reavaliar o paciente periodicamente durante a transfusão.

Ao final da transfusão, checar novamente os sinais vitais, comparar com os sinais vitais de antes da transfusão e registrar em prontuário.

Sempre que possível transfundir no período diurno.

Deve-se estimular o clampeamento oportuno do cordão umbilical, o que pode diminuir a anemia neonatal, diminuindo a necessidade transfusional. 

É importante minimizar a perda sanguínea por testes laboratoriais desnecessários, apenas coletando sangue quando realmente necessário e utilizando sempre os tubos pediátricos.

Sempre que possível, deve-se utilizar hemácias do mesmo doador fracionando a “bolsa mãe” em sistema fechado. Assim evita-se que o paciente tenha várias sorologias e consiga receber apenas do mesmo doador. Isso só é possível se tiver o equipamento de conector estéreo para que se mantenha a validade original da bolsa.

Abaixo, a gravação do Encontro na íntegra.

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Como citar

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Postagens: Principais Questões sobre Cuidados na Transfusão de Hemocomponentes em Pacientes Pediátricos. Rio de Janeiro, 27 set. 2023. Disponível em: <https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-crianca/principais-questoes-transfusao-de-hemocomponentes-pediatricos/>.

Tags: Dia Mundial da Segurança do Paciente, Posts Principais Questões