Sistematizamos as principais questões abordadas durante o Encontro com Especialistas Carla Polido, médica obstetra do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); Carolina Krieger, enfermeira da Associação Brasileira de Enfermagem de Família e Comunidade (ABEFACO); e Mariana Brandão Streit, médica de família e comunidade, ginecologista e obstetra do IFF/Fiocruz.
O cuidado pré-natal tem como objetivo realizar o rastreamento em uma população geralmente saudável, estimando que mais de 80% das gestantes são saudáveis. Por meio do cuidado pré-natal, é possível detectar sinais precoces de agravos ou fatores de risco, intervindo de maneira apropriada para assegurar os melhores resultados. Essa fase representa uma grande oportunidade para a prevenção, educação em saúde, planejamento reprodutivo e identificação de vulnerabilidades em populações específicas.
No contexto brasileiro, é fundamental abordar a prevenção da morbidade e mortalidade materna, considerando a ainda alta taxa de mortalidade perinatal no país. É durante o pré-natal que se pode rastrear e manejar as complicações, prevenindo que evoluam para situações que coloquem a vida da gestante e do bebê em risco. Além disso, destaca-se a importância do planejamento reprodutivo, com alternativas como o DIU pós-placentário ou pós-parto para prevenir gravidezes não planejadas.
Rastreando e prevenindo fatores de risco para hemorragia, hipertensão e infecções no pré-natal
Orientações e exames complementares durante a segunda metade da gestação
Durante a segunda metade da gestação também devem ser reforçados os principais sinais de alerta para as complicações mais frequentes:
A partir de 37 semanas, as mulheres deverão ser orientadas, em todas as consultas, sobre os sinais de trabalho de parto e o momento de procurar a maternidade, especialmente na presença de contrações rítmicas, com intensidade progressiva, e qualquer perda vaginal de líquido ou sangue.
Elaboração do Plano de Parto
O plano de parto deve ser estimulado, preferencialmente em colaboração com a equipe do pré-natal. Se houver interface com o hospital, é possível incentivar o diálogo com a equipe hospitalar para garantir uma transição suave. Essas orientações visam garantir uma abordagem integral no cuidado pré-natal, individualizando procedimentos conforme a necessidade e promovendo a comunicação eficaz entre as equipes de saúde.
É conhecido que as equipes e as unidades de saúde possuem limitações, porém, há que se encontrar estratégias para que as mulheres sejam bem cuidadas durante este período.
O pré-natal não deve ser exclusivamente conduzido por enfermeiras (os) obstetras, obstetrizes, médicas (os) de família e obstetras. Idealmente, deve-se envolver uma abordagem multiprofissional e interprofissional ao longo de toda a gestação. Destaca-se a tendência mundial do pré-natal em grupo ou pré-natal coletivo, que possibilita explorar o campo de conhecimento entre as próprias gestantes e suas parcerias, proporcionando vínculos e reduzindo o estresse, resultando em benefícios como adequação do ganho de peso, maior adesão ao pré-natal e melhores resultados no pós-parto.
Em resumo, a atenção pré-natal não se limita à ampliação da cobertura, mas requer uma abordagem qualitativa, com ênfase na interpretação clínica, cuidado multiprofissional, pré-natal em grupo e ações preventivas e educativas para garantir melhores resultados para gestantes e seus bebês.
Abaixo, a gravação do Encontro na íntegra.
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Perguntas & Respostas
Como citar
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Postagens: Principais Questões sobre Cuidado Pré-natal na Segunda Metade da Gestação. Rio de Janeiro, 10 jul. 2024. Disponível em: <https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-crianca/principais-questoes-cuidado-pre-natal-gestacao-2/>.