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Principais Questões sobre Cuidado ao Recém-Nascido no Parto e Nascimento

16 out 2020

Sistematizamos as principais questões abordadas durante Encontro com as Especialistas Maria José Guardia Mattar, pediatra/neonatologista, especialista em Ciências da Saúde, membro do Departamento Científico de Amamentação da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), coordenadora da Rede Paulista de Bancos de Leite Humano, e Anatália Basile, enfermeira obstétrica, coordenadora geral do Programa Parto Seguro – Mãe Paulistana/Cejam, realizado em 13/06/2019.

Veja também: Postagem sobre o tema

A mortalidade neonatal é responsável por mais de 70% das mortes no primeiro ano de vida e o cuidado ao recém-nascido passa a ser um desafio aos profissionais que assistem ao parto. Cerca de 25% dessas mortes ocorrem nesse período. Sabe-se que o componente de assistência neonatal tem sua relação com as questões da gestação, do trabalho de parto e nascimento.  Com isso em vista, o Ministério da Saúde desenvolveu políticas que contribuem na assistência organizada e sistematizada e na capacitação de profissionais que atuam na assistência ao binômio mãe e bebê para a redução da morbimortalidade materna e infantil:

A adoção das Boas Práticas contribuem para o melhor nascimento do bebê e o protegem, principalmente o bebê de baixo risco:

As condutas humanizadas servem para diminuir as intervenções desnecessárias e tratar o parto de risco habitual como ele deve ser: fisiológico. Tudo o que é feito na mulher afeta o bebê e ele deve ser tratado com respeito. 

A maioria dos bebês nascem sem a necessidade de nenhuma intervenção e ou manobras de ressuscitação. Pelo menos um dos profissionais que atendem ao parto devem estar capacitados para assistência ao  recém-nascido, caso seja necessário. As evidências mostram que um em cada 10 bebês vão precisar de ventilação positiva, um em cada 100 bebês vão precisar de intubação e um em cada mil bebês vão precisar de intubação, massagem cardíaca e uso de drogas. Quanto menor o bebê, maiores as chances de serem necessárias intervenções. 

As boas práticas são medidas de baixo custo e alto impacto. É necessário capacitar e atualizar os profissionais nas melhores e mais recentes evidências científicas, contribuindo para a diminuição da morbimortalidade materna e neonatal.

Abaixo a gravação do Encontro na íntegra.

O Encontro com o Especialista é uma webconferência realizada quinzenalmente com especialistas de diversas áreas. Para participar é necessário se cadastrar no Portal, assim você poderá enviar dúvidas que serão respondidas ao vivo!

Fique atento à agenda de Encontros com o Especialista. Inscreva-se já!

 

 

Perguntas & Respostas

 

1. Quais os melhores métodos para aplicar os protocolos de segurança do paciente nos cuidados ao recém-nascido no parto e nascimento?

Todos os profissionais que prestam assistência devem ter ciência do protocolo, principalmente os de segurança do paciente.

O protocolo deve ser rotineiramente atualizado e adaptado à realidade de cada serviço e deve ser revisto com frequência. A unidade deve dispor de todo material necessário descrito. O protocolo deve ser de fácil acesso e estar sempre à vista dos profissionais.

Os profissionais devem estar capacitados e os treinamentos da equipe devem ser feitos com frequência. 

Mais importante que aplicar o protocolo, deve-se pensar na prevenção dos eventos adversos.

Um bom exemplo de protocolo de segurança do recém-nascido é o uso do top materno. Além dele dar privacidade para a mulher imediatamente após o parto, é uma segurança para o recém-nascido, já que o mantém aquecido, em contato pele a pele com a mãe, seguro e favorecendo que no momento oportuno ele possa iniciar a amamentação. O top materno pode ser retirado somente no alojamento conjunto. Assim garante também a segurança durante o transporte.

 

2. Qual a importância da atuação da enfermeira obstétrica na redução das cesáreas?

Há uma grande discussão sobre a redução das cesáreas e o médico costuma carregar a responsabilidade sobre a indicação da cesárea. Entretanto, na prática o que se observa é que os enfermeiros podem contribuir muito na redução destes indicadores.

Primeiramente há que se estabelecer na instituição protocolos para indicação de cesariana e indução do trabalho de parto. Eles devem considerar a Classificação de Robson.

Além disso, a equipe de enfermagem deve trabalhar próxima da equipe médica. A interação dos profissionais cria uma relação de confiança que pode ajudar a reduzir as taxas de cesariana.

Deve-se pensar em reduzir as taxas de cesariana para as cesarianas realizadas desnecessariamente. Para isso deve-se avaliar se mãe e bebê estão bem, se o médico está disponível caso seja necessário intervir e enfermeira obstétrica acompanhando o trabalho de parto e partejando. 

 

3. Existe relação comprovada de que o uso de condutas intervencionistas tais como amniotomia e uso de ocitocina interferem na vitalidade do bebê ao nascer?

Sim, a ocitocina sintética e amniotomia podem afetar a vitalidade do bebê e nunca devem ser utilizados de rotina. Existem leis que proíbem o uso de condutas intervencionistas de rotina. 

A amniotomia precoce, com ou sem uso da ocitocina, pode aumentar o risco de infecção e aumentar as dores do trabalho de parto. A amniotomia só deve ser utilizada se houver justificativa para tal, como por exemplo em um trabalho de parto prolongado onde não se observa mudança na descida da apresentação. 

Quanto à ocitocina, a mulher produz naturalmente este hormônio e algumas ações favorecem essa produção, como aquecer os pés, prover ambiente tranquilo e banho morno.

 

4. Qual a relevância da realização do clampeamento oportuno do cordão umbilical para o binômio?

Atualmente as evidências científicas mostram que o clampeamento imediato do cordão umbilical, que se utilizou até pouco tempo, não deve ser utilizado como prática rotineira, salvo em alguns casos. O clampeamento imediato do cordão umbilical deve ser feito somente em algumas situações restritas, pelas condições clínicas do bebê. 

O clampeamento oportuno do cordão umbilical deve ocorrer de um a três minutos após o nascimento, com o bebê posicionado sobre o ventre materno, em uma altura aproximada de 10 cm em relação à placenta. Isso favorece maior passagem de sangue para o bebê, aumentando os níveis de hemoglobina, principalmente entre o terceiro e o sexto mês de vida. Embora se discuta a possibilidade de hiperbilirrubinemia e policitemia, as evidências mostram que os benefícios do clampeamento oportuno do cordão são maiores. 

Para a mãe, o clampeamento oportuno do cordão umbilical favorece o manejo ativo do terceiro período do trabalho de parto (saída da placenta). 

Quando falamos em partos de risco habitual, o clampeamento oportuno do cordão é benéfico para o binômio.

 

5. Quanto a posição da parturiente no período expulsivo interfere na vitalidade do bebê ao nascer? Existe melhor posição?

A posição da mulher no parto é o cerne de todo o processo e interfere muito na vitalidade do bebê. Quando a mulher confia no profissional ela se sente segura para assumir posições diferenciadas e as posições verticalizadas favorecem o parto. O mais importante é dar opção para que a mulher faça essa escolha. 

O profissional deve oferecer posições em que ela se sinta mais confortável e que o bebê possa ser melhor oxigenado. A pior posição para a oxigenação do bebê é a horizontal, pois o bebê fica posicionado entre a terceira e quarta vértebras lombares da mulher e o peso do útero gravídico sobre os grandes vasos da região pélvica interrompe o fluxo sanguíneo materno-placentário. Isso reduz a oxigenação para o bebê e os batimentos cardíacos em consequência. Neste momento os profissionais costumam aumentar a ocitocina, fazer a manobra de kristeller, episiotomia grande e toda a cascata de intervenções decorrentes disso.

Cabe ao profissional que está acompanhando o parto oferecer posições mais benéficas, como posições verticalizadas, lateralizadas, de quatro apoios, etc.

 

6. Qual a importância do partograma para o profissional enfermeiro?

A grande maioria das vezes é o enfermeiro que preenche o partograma. Ele é um registro da instituição e uma possibilidade de retomada de conduta quando ela se apresenta.

Mais importante que preencher o partograma é individualizar a assistência.

O partograma faz diagnóstico, ajuda a tomada de decisão e conduta, como quando é indicado fazer amniotomia, instalar ocitocina ou até mesmo indicar uma cesariana. Seu uso pode auxiliar a redução da mortalidade neonatal.

O partograma deve ser utilizado também no acompanhamento dos casos de indução de parto com feto morto, para acompanhar a dinâmica uterina, a abertura do colo, as doses de ocitocina utilizadas, etc. 

O partograma é uma boa prática, de humanização e sistematização da assistência e deve ser utilizado como rotina.

 

7. Algumas mães não se sentem seguras de pegar o bebê logo após o parto. Que estratégias podem ser usadas?

Uma das estratégias é trabalhar isso no pré-natal, como uma medida indicada para a mãe e para o bebê. Isso ajuda a reduzir a insegurança materna. Principalmente para as multíparas que muitas vezes não tiveram essa experiência nos partos anteriores. 

Na maternidade, uma das possibilidades é a utilização do top materno. Ele oferece privacidade para a mulher durante o puerpério imediato, além de segurança para o bebê, para que não caia ou perca temperatura. O top materno pode ser colocado já durante o trabalho parto, deve ser feito de uma malha flexível e confortável e não atrapalha nenhum procedimento que se faça necessário, seja anestesia ou cesariana.

 

8. Observa-se que quando colocamos oxigênio materno, melhora a bradicardia em expulsivo. Há riscos no uso desta prática?

Recomenda-se utilizar esta prática, não abusivamente. Utiliza-se quando o parto é iminente e a avaliação cardíaca fetal não for favorável.

O mais indicado é posicionar a mãe de forma mais confortável possível, verticalizada. Também acompanhar a frequência cardíaca fetal durante o período expulsivo. Quando a mulher está mal posicionada ela fica desconfortável e com isso há menor capacidade ventilatória, aumentando a necessidade de utilização do oxigênio.

 

9. O cuidado perinatal exige uma integração interdisciplinar. O que pode ser feito para promover maior integração do cuidado? 

Toda a equipe que atua na assistência materna-infantil da instituição deve estar capacitada e atualizada nos protocolos no serviço. Os protocolos devem ser atualizados rotineiramente e sempre que houver novas evidências.

Também a utilização de ferramentas e estratégias como o partograma, a classificação de risco, a indicação da cesariana a partir da classificação de Robson que visa reduzir as cesarianas sem indicação. Quanto à assistência neonatal, os cursos de reanimação neonatal, disponibilizados pela Sociedade Brasileira de Pediatria são necessários para profissionais que acompanham o parto..

Outras atividades também importantes, como a Iniciativa Hospital Amigo da Criança, que propõe capacitação da equipe multiprofissional junto. A troca de saberes entre os profissionais de diferentes áreas favorece integração da equipe e melhora o cuidado.

 

10. Qual a importância da presença do acompanhante de livre escolha da parturiente durante o trabalho de parto e parto independente da via de parto?

O direito ao acompanhante é garantido por lei (Lei nº 11.108 de 2005). 

A mulher deve escolher o acompanhante que ela quiser, aquele que fará ela se sentir mais confortável. O momento do parto é um momento íntimo, privativo e a mulher precisa se sentir segura e acolhida. O acompanhante deve dar apoio emocional. É papel também do profissional de saúde integrar o acompanhante, chamá-lo e envolvê-lo no processo, desde o trabalho de parto, no parto e no pós parto, e também na na UTI neonatal.

 

11. O que a palavra acolher significa no trabalho de parto?

Acolher é a somatória de diversas ações, desde a forma de recepcionar a mulher, o sorriso, o tom de voz, ser responsável por ela, se colocar à disposição e construir uma relação e contato durante a assistência. É importante perceber o que a mulher precisa, como melhor ajudá-la naquele momento delicado.

Os estudos apontam que o acolhimento muda a percepção do paciente sobre a assistência, da internação à alta.

 

12. Tenho observado o clampeamento do cordão acima de três minutos durante o contato pele a pele. Existe alguma evidência recente para ultrapassar esse tempo?

No momento não há novas evidências. A recomendação é clampear o cordão quando ele parar de pulsar, o que em média leva entre um a três minutos.

 

13. Acupuntura pode ser oferecida durante o trabalho de parto? O que é necessário para oferecer este serviço?

Sim, pode ser oferecida. É necessário ter um profissional treinado para fazer a técnica de acupuntura e acima de tudo o desejo da mulher em receber. A decisão deve sempre ser dela.

 

Perguntas não respondidas ao vivo

14. O que quer dizer clampeamento oportuno ou tardio do cordão umbilical? Tem diferença entre esses termos?

O importante é não clampear o cordão umbilical de recém-nascidos imediatamente após o nascimento. O clampeamento oportuno do cordão umbilical se refere à prática de pinçar o cordão umbilical aproximadamente um a três minutos após o nascimento ou após a suspensão da pulsação do cordão umbilical. Essa prática é recomendada pela Organização Mundial da Saúde, pelo Ministério da Saúde e pela Sociedade Brasileira de Pediatria. O recém-nascido deve ser posicionado sobre o abdome da mãe neste período.

 

15. Quem pode fazer o curso de reanimação neonatal? A re-certificação deve ser feita de quanto em quanto tempo?

Todos os profissionais que atuam na sala de parto podem fazer o curso de reanimação neonatal, conforme portaria nº 371, de 2014.

A recertificação deve ser feita a cada atualização do protocolo pela Sociedade Brasileira de Pediatria, que ocorre geralmente a cada 5 anos.

 

16. Quais equipamentos devem estar disponíveis na sala de parto para assistência ao recém-nascido de baixo risco? Quando a aspiração deve ser utilizada?

Conforme a portaria nº 371 as condições necessárias para a reanimação do recém-nascido, que precisam estar acessíveis e prontas para uso na sala/quarto de parto, ou em ambiente próximo a estes são:

I – Ambiente de parto/nascimento e/ou de reanimação com temperatura ambiente de 26°C e:

  1. a) Berço aquecido por sistema de calor irradiante, com acesso por 3 lados, tendo como opção de leito mesa e não cesto/cuba de acrílico;
  2. b) Fontes de oxigênio umidificado e de ar comprimido, com fluxômetros;
  3. c) Blender para mistura oxigênio/ar;
  4. d) Aspirador a vácuo com manômetro;
  5. e) Oxímetro de pulso com sensor neonatal e bandagem elástica escura.
  6. f) Relógio de parede com ponteiro de segundos;
  7. g) Termômetro digital para mensuração da temperatura ambiente. 

II – Material para aspiração

  1. a) Sondas: traqueais nº 6, 8 e 10 e gástricas curtas nº 6 e 8;
  2. b) Dispositivo para aspiração de mecônio;
  3. c) Seringa de 20 ml.

III – Material para ventilação

  1. a) Reanimador manual neonatal (balão auto-inflável com volume máximo de 750 ml, reservatório de O2 e válvula de escape com limite de 30-40 cm H2O e/ou manômetro);
  2. b) Ventilador mecânico manual neonatal em T, com circuitos próprios;
  3. c) Máscaras redondas com coxim para prematuros tamanho 00 e 0 e para termo tamanho 1;

IV – Material para intubação traqueal

  1. a) Laringoscópio infantil com lâmina reta nº 00, 0 e 1;
  2. b) Cânulas traqueais sem balonete, de diâmetro uniforme 2,5/ 3,0/ 3,5 e 4,0 mm;
  3. c) Material para fixação da cânula: tesoura, fita adesiva e algodão com SF 0,9%;
  4. d) Pilhas e lâmpadas sobressalentes para laringoscópio;
  5. e) Detector colorimétrico de dióxido de carbono expirado (desejável).

V – Medicações

  1. a) Adrenalina a 1/10.000 em seringa de 5,0 ml para uso endotraqueal;
  2. b) Adrenalina a 1/10.000 em seringa de 1,0 ml para uso endovenoso;
  3. c) Expansor de volume (SF 0,9% ou Ringer-lactato) em 2 serings de 20 ml.

VI – Material para cateterismo umbilical

  1. a) Campo fenestrado esterilizado, cadarço de algodão e gaze;
  2. b) Pinça tipo Kelly reta de 14 cm e cabo de bisturi com lâmina nº 21;
  3. c) Porta agulha de 11 cm e fio agulhado mononylon 4.0;
  4. d) Cateter umbilical 5F ou 8F de PVC ou poliuretano;
  5. e) Torneira de três vias.

VII – Outros

  1. a) Luvas e óculos de proteção individual para os profissionais de saúde;
  2. b) Compressas e gazes esterilizadas;
  3. c) Estetoscópio neonatal;
  4. d) Termômetro clínico digital
  5. e) Saco de polietileno de 30x50cm e touca para proteção térmica do prematuro;
  6. e) Tesoura de ponta romba e clampeador de cordão umbilical.

 

17. O contato pele a pele pode ser feito após cesariana? Quais os cuidados que devemos ficar atentos?

Sim. Pode e deve ser feito após cirurgia cesariana, quando alinhado com a mãe antecipadamente, e mãe e bebê estejam em boas condições. 

Outros cuidados que devemos ficar atentos é quanto a segurança do recém-nascido e risco de contaminação do campo cirúrgico. Sugestões: o cirurgião deverá por uma compressa na divisão da tenda cirúrgica e o peito materno, para colocar o RN sobre a mesma, e assim, não contaminar suas mãos enluvadas. O RN então deverá ser trazido ao peito materno por outro profissional por baixo dos campos, sem a compressa, para a realização do contato pele a pele. Outra sugestão é a troca de luvas pelo cirurgião e na impossibilidade de realizar tal procedimento, o RN dele ser colocado em contato pele a pele na posição transversal pelo pediatra/neonatologista.

 

18. Como identificar no RN se ele está com calor ou frio?

De acordo com a coloração azulada das extremidades e temperatura corpórea. O contato pele a pele precoce, ininterrupto previne a hipotermia.

 

19. Quando deverá ser dado o primeiro banho do RN?

Em recém-nascidos sem riscos, na maioria dos serviços, é orientado o banho após 6 horas de vida para melhor absorção do vérnix caseoso e restringir a perda de calor. 

 

20.Tenho observado que o clampeamento do cordão acontece acima de 3 min, durante o contato pele a pele no ventre materno. Existe alguma evidência recente de ultrapassar esse tempo?

Conforme o Relatório de Recomendações – CONITEC (2016), os estudos não indicam um tempo limite máximo para o clampeamento, na maioria destes estudos não se realizou o clampeamento depois de 3 minutos após o nascimento. Não foram observados benefícios adicionais se o clampeamento ocorresse além de 5 minutos.

 

21. Recém-nascido sem risco, a preocupação maior seria na policromia?

Na dependência do recém-nascido este poderá ter uma policitemia e uma icterícia mais acentuada.

 

22. Sabe-se que os nove meses que antecedem o evento do nascimento já contribuem de forma significativa para a formação desse ser que vem ao mundo, a inteligência, a capacidade de amar entre outras que vão impactar significativamente na vida adulta. Como podemos interagir para mudar essa cultura intervencionista sobre o parto?

São necessárias várias ações de diversos atores em momentos simultâneos ou intercalados:

  • Capacitações de toda a equipe, inclusive de gestores, em relação à humanização do atendimento ao parto e nascimento e cumprimento dos passos da IHAC – Iniciativa Hospital Amigo da Criança e da Mulher;
  • Inserção de enfermeiras obstétricas e obstetrizes em hospitais de risco e em centros de parto de baixo risco;
  • Estabelecimento de indicadores e metas que devem ser acompanhados pelos gestores equipes;
  • Empoderamento das mulheres com plano de parto individual e esclarecimentos;
  • Premiação de instituições com boas práticas reconhecidas.

 

23. Gostaria de saber em relação à reanimação do neonato, ela começa pela ventilação? Quando o RN nasce em PCR, já deve ser clampeado o cordão imediatamente para realizar as manobras de RCP? Ou o sangue do cordão ainda drena para o RN?

Se o bebê nasce em parada cardiorrespiratória (PCR), já deve ser clampeado o cordão imediatamente para realizar as manobras de RCP (ressuscitação cardiopulmonar).

Quanto ao procedimento de reanimação neonatal, recomenda-se utilizar as diretrizes do Programa de Reanimação Neonatal (PRN/SBP).

 

24. Em relação à classificação do recém-nascido, gostaria de saber se tem diferença entre a classificação do RN de acordo com o peso ao nascer (pequeno para idade gestacional, adequado para idade gestacional e grande para idade gestacional) e a classificação em baixo peso, muito baixo peso e extremo baixo peso.

Idade gestacional (I.G.): estimada a partir do primeiro dia do último período menstrual e/ou clinicamente pelos métodos de Capurro, Dubovitz ou Ballard. É expressa em dias ou semanas completas. 

RN pré-termo (RNPT) – crianças nascidas até 36 semanas e 6 dias (258 dias) de gestação, segundo OMS (Organização Mundial de Saúde) ou nascidas até 37 semanas e 6 dias (256 dias), segundo AAP (Academia Americana de Pediatria). 

RN a termo (RNT) – nascidas entre 37 e 41 semanas e 6 dias (ou seja, 259 e 293 dias) de gestação (OMS) e nascidas entre 38 e 41 semanas e 6 dias (o que equivale a 266 e 293 dias) – (AAP). 

RN pós-termo (RN pós-T) – nascidas com 42 semanas ou mais de gestação (294 dias).

Peso ao nascimento (PN): é o primeiro peso obtido após o nascimento com a criança totalmente despida. 

Baixo peso: todo RN com PN inferior a 2500g. 

Muito baixo peso: RN com menos de 1500g. 

Extremo baixo peso: RN com menos de 1000g.

Classificação do RN conforme peso e idade gestacional: considerando como referencial uma curva de crescimento intra-uterino, os RN são classificados em: peso adequado para a idade (PAIG) – peso ao nascer entre os percentis 10 e 90. Peso pequeno para a idade gestacional (PPIG) – abaixo do percentil 10. peso grande para a idade (PGIG) – acima do percentil 90. Essa classificação é importante, pois os RN PIG e RN GIG podem ter problemas associados ao crescimento intra-uterino alterado.

 

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