De Sousa FLP et al. Hipertensão Arterial Crônica – Protocolo N°. 01/2023. Rede Brasileira de Estudos Sobre Hipertensão na Gravidez (RBEHG), 2023;
A hipertensão arterial crônica (HAC) se constitui em um desafio de saúde para todas as populações, especialmente nos países em desenvolvimento. No Brasil, este problema atinge 32,5% dos adultos (36 milhões de pessoas) [1], provocando os desfechos ominosos a partir de lesões em órgãos-alvo, provocando considerável morbimortalidade. Na população de gestantes, estima-se que ocorra em 6% a 8% das gestações [2], tendo apresentado aumento global de 67% no período de 2.000 a 2.009, influenciado principalmente pela obesidade e avanço na idade da mulher ao engravidar, destacando-se a elevação de 87% entre as afrodescendentes [3]. A HAC é duas vezes mais comum e provoca mais complicações obstétricas em mulheres negras do que em brancas [4]. Considerando que as mortes maternas brasileiras, preponderantemente, estão relacionadas aos distúrbios hipertensivos [5], esta intercorrência clínica se reveste de destacada relevância quanto à necessidade dos profissionais que prestam assistência às gestantes e puérperas estarem qualificados e proporcionarem condutas oportunas e efetivas no intuito de reduzir danos maternos e para o nascituro.
Entre as complicações clínicas e obstétricas reconhecidas destacam-se a pré-eclâmpsia (PE) sobreposta em 13% a 40% dos casos de HAC, edema pulmonar, insuficiência renal, restrição de crescimento fetal (RCF), descolamento prematuro da placenta (DPP), óbito fetal e maior incidência de cesariana [6]. Um estudo populacional [7], identificou chance 5 a 6 vezes maior de ocorrer acidente vascular cerebral, edema pulmonar e insuficiência renal em gestantes portadoras de HAC, que em gestantes normais. Estas complicações são menos comuns nas nações desenvolvidas e quando a expressão clínica da HAC é leve [8].
Disponível Em: <https://rbehg.com.br/>