Amorim MMR de, Katz L. O papel da episiotomia na obstetrícia moderna. Femina. 2008;36:47-54.
A episiotomia persiste como um dos procedimentos mais realizados em obstetrícia em diversos países. Entretanto, embora venha sendo praticada por aproximadamente 250 anos, sua realização permanece controversa. Vários ensaios clínicos randomizados bem controlados foram publicados sobre o assunto, fornecendo evidências nível I. No presente artigo, os autores revisam as melhores evidências disponíveis pertinentes aos supostos benefícios percebidos para a episiotomia no passado, bem como aos seus efeitos deletérios. A episiotomia de rotina era anteriormente considerada pelos obstetras uma estratégia para proteger o períneo, o assoalho pélvico e o feto das lesões do parto, porém gradualmente tem se demonstrado tratar-se de procedimento desnecessário e prejudicial. Com o advento da Medicina Baseada em Evidências, os obstetras precisam considerar que os riscos de lesão materna superam os possíveis benefícios. Além de não proteger o assoalho pélvico, a episiotomia aumenta a freqüência de dor perineal, dispareunia, perda sangüínea, laceração do esfíncter anal, lesão retal e incontinência anal, sem reduzir as taxas de incontinência urinária ou melhorar os resultados neonatais. Quando realizada rotineiramente sem indicação precisa, a episiotomia foi descrita por Marsden Wagner como mutilação genital feminina, devendo, portanto, ser evitada. Em relação à prática da episiotomia, alguns autores sugerem que a melhor recomendação é representada pelo ditado: Não faça nada, sente-se!
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